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5 de outubro de 2007

Apreciado e criticado por reduzir seus edifícios a formas geométricas elementares, arquiteto O. M. Ungers, recém-falecido aos 81 anos, se inspirava em princípios renascentistas.

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Oswald Mathias UngersFoto: AP

O arquiteto alemão Oswald Mathias Ungers morreu aos 81 anos. A opção de se ater a formas geométricas elementares conferiu ao seu trabalho uma marca inconfundível.

Suas principais obras são o Instituto Alfred Wegener de Pesquisa Polar em Bremerhaven (1984), o Museu Alemão de Arquitetura de Frankfurt (1984), o anexo ao Kunsthalle de Hamburgo que abriga a Galerie der Gegenwart (1997), a Procuradoria Geral da República em Karlsruhe (1998) e o novo edifício do Museu Wallraf Richartz em Colônia (2001). Atualmente, Ungers estava trabalhando nos projetos de reforma do Museu Pergamon, em Berlim, e do acesso às termas romanas de Trier.

A imprensa alemã comentou as diferentes implicações do racionalismo geométrico de Ungers:

Exercícios de estilo ou metáforas nunca interessaram a Oswald Mathias Ungers. Com suas construções, o arquiteto alemão não pretendia fazer nenhuma interpretação para além da ordem espacial e sua respectiva função. Em conseqüência dessa abordagem, as formas elementares – quadrado, cubo, círculo e ângulo reto – se tornaram figuras construtivas centrais para o arquiteto. Nas obras de Ungers se manifesta um radicalismo estético que se tornou sua marca registrada, uma marca que não deixa de ser controversa." (Neue Zürcher Zeitung)

Entre os arquitetos contemporâneos, ele era o que os príncipes do Renascimento eram em sua época: Oswald Mathias Ungers sabia exatamente o que queria (construir). Nisso o auxiliavam seus ricos conhecimentos em filosofia, história e teoria da arquitetura, arte e matemática. É assim que o mundo o via e é assim que ele se apresentava ao mundo em sua construção ao mesmo tempo mais privada e mais pública: a biblioteca que construiu em sua residência em Colônia em 1990. Palladio e Mies van der Rohe estavam unidos neste cubo, assim como Alberti e Walter Gropius – sobretudo Karl Friedrich Schinkel, cujo busto decorava o complexo de pilares rigorosa e classicamente proporcionado. Ao comentar esse projeto, Ungers se referia aos ideais platônicos de cidade e espaço. (Frankfurter Allgemeine Zeitung)

Galerie der Gegenwart in Hamburg, entworfen von Oswald Mathias Ungers
Galerie der Gegenwart, em HamburgoFoto: picture alliance/dpa

Ungers escolou seu traçado na Renascença, ponto de fuga de todos os seus empenhos como arquiteto. E assim, as figurações de Ungers se inspiram em importantes antecessores, como a Villa Foscari, de Palladio. No entanto, Ungers nunca se interessou por um vocabulário antiquado, e menos ainda por um neotradicionalismo arrivista. O que ele construiu ao longo de aproximadamente cinco décadas entrava no terrotório milimetricamente mensurado do racionalismo. (Frankfurter Rundschau)

Para Ungers, o quadrado significa clareza através da redução e, ao mesmo tempo, ordem através de um elemento variável no porte e nos materiais utilizados, um elemento que retorna múltiplas vezes no mesmo edifício. Desta forma, Ungers impede que o quadrado se torne enfadonho com o tempo. Porém, ele sempre evocou críticas com suas quadraturas. Afinal, por mais que ele juntasse seus quadrados em um todo harmônico, sua arquitetura às vezes se distanciava das finalidades a que deveria servir. (Rheinischer Post)

(sm)