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CatástrofeHaiti

Após terremoto no Haiti, tempestade dificulta buscas

17 de agosto de 2021

Fortes chuvas e ventos trazidos pela tempestade tropical Grace atrapalham trabalho de socorristas no país caribenho após tremor que deixou ao menos 1.419 mortos. Hospitais lotados lutam para abrigar feridos.

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Bombeiro busca sobreviventes entre escombros
Bombeiro busca sobreviventes entre escombros Foto: Joseph Odelyn/AP/dpa/picture alliance

Dois dias depois de um forte terremoto abalar o Haiti, o país caribenho foi assolado por fortes chuvas provocadas pela tempestade tropical Grace na noite desta segunda (16/08) para terça-feira, piorando ainda mais a situação de milhares de pessoas que perderam familiares, ficaram feridas ou desabrigadas, dificultando trabalhos de busca e fazendo diminuir as esperanças de encontrar sobreviventes.

A tempestade atingiu as regiões do sudoeste do país que foram as mais afetadas pelo terremoto – de magnitude 7,2 e que deixou ao menos 1.419 mortos e cerca de 6.900 feridos –, trazendo fortes ventos e chuvas torrenciais para cidades devastadas, causando inundação em ao menos uma área e dificultando operações de busca.

Dezenas de milhares de desabrigados tiveram que decidir entre dormir sob frágeis tendas ou arriscar se abrigar em prédios danificados durante a noite.

O terremoto destruiu dezenas de milhares de casas, além de hospitais, escolas e igrejas, no país mais pobre das Américas, já assolado pela pandemia de covid-19 e que ainda se recupera do forte sismo de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas.

O mais recente desastre também ocorreu pouco mais de um mês depois de o Haiti mergulhar em caos político após o presidente Jovenel Moïse ser assassinado. O primeiro-ministro Ariel Henry, que tomou posse após a morte de Moïse, prometeu fornecer mais ajuda humanitária do que após a catástrofe de 11 anos atrás.

"O terremoto é um grande infortúnio que nos acontece no meio da temporada de furacões", disse Henry.

Terremoto destruiu dezenas de milhares de casas
Terremoto destruiu dezenas de milhares de casasFoto: Matias Delacroix/AP Photo/picture alliance

Buscas dificultadas

Com a esperança de encontrar sobreviventes em meio aos escombros já diminuindo, a tempestade impediu socorristas de seguirem com suas operações na cidade de Les Cayes, cerca de 150 quilômetros a oeste da capital Porto Príncipe e perto do epicentro do terremoto.

Nesta segunda-feira, socorristas trabalhavam às pressas junto com moradores para tentar localizar vítimas em meio aos escombros, em meio a um odor de poeira e de corpos em decomposição. Mas quando as chuvas se intensificaram, as buscas foram interrompidas.

O Centro Nacional de Furacões dos EUA alertou que a tempestade poderia provocar até 38 centímetros de chuvas em partes do Haiti, com risco de enchentes e deslizamentos de terra. Chuvas intensas também caíram em Porto Príncipe. A tempestade começou a rumar para Jamaica e Cuba nesta terça.

Número de mortos deve subir

Muitas das dezenas de milhares de casas destruídas pelo terremoto ainda não foram escavadas, o que significa que o número de mortos deve aumentar.

Após o sismo, muitos feridos foram obrigados a aguardar por assistência sob o calor escaldante. Em tendas improvisadas do lado de fora de hospitais, médicos lutaram para salvar a vida de centenas de feridos, incluindo crianças e idosos.

Feridos do lado de fora de hospital em Les Cayes
Feridos do lado de fora de hospital em Les CayesFoto: Fernando Llano/AP Photo/picture alliance

O Hospital Geral de Les Cayes ficou tão lotado que muitos pacientes tiveram que deitar no pátio e nos corredores e, com a tempestade se aproximando, autoridades tentaram realoca-los da melhor maneira possível. Tendas do lado de fora não seriam seguras, disse o diretor da unidade.

Não é a primeira vez que o hospital foi obrigado a improvisar. A refrigeração no necrotério não funciona há três meses, mas após o terremoto de sábado, o hospital teve que armazenar até 20 corpos no pequeno espaço. Parentes rapidamente providenciaram os enterros.

"Estamos trabalhando agora para garantir que os recursos que temos cheguem aos lugares mais duramente atingidos", disse o chefe da Agência de Proteção Civil, Jerry Chandler, referindo-se às duramente atingidas Les Cayes e Jeremie e ao departamento de Nippes.

lf (Reuters, AP)