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Após hesitação, Alemanha decide enviar tanques à Ucrânia

24 de janeiro de 2023

Imprensa alemã diz que Berlim removeu objeções para o envio dos modernos tanques Leopard 2 a Kiev. Governo alemão teme que, em represália, Moscou intensifique suas agressões ao território Ucraniano.

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Deutschland | Kampfpanzer Leopard 2
Foto: Peter Steffen/dpa/picture alliance

Relatos na imprensa alemã afirmam que a Alemanha decidiu, após meses de hesitação, enviar à Ucrânia os modernos tanques de guerra Leopard 2, além de permitir que outros países, como a Polônia, possam adotar a mesma medida para reforçar a defesa das tropas ucranianas contra aos invasores russos.

A notícia, inicialmente divulgada nesta terça-feira (24/01) pela revista alemã Der Spiegel, também afirma que os Estados Unidos deverão fornecer tanques Abraham a Kiev. Antes mesmo da confirmação oficial, autoridades ucranianas já comemoravam o que avaliam como sendo um fator de mudança nas frentes de batalha, na guerra que já dura 11 meses.

"Algumas centenas de tanques para nossas equipes, as melhores equipes de tanques do mundo. Isso sim se tornará um punho golpeante para a democracia contra a autocracia do pântano", afirmou Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, no aplicativo de mensagens Telegram.

Há meses Kiev vem insistindo para que o Ocidente envie os tanques de que tanto precisa para dar mais poder de fogo e mais mobilidade a suas tropas, para romper as linhas de defesa russas e recapturar territórios no leste e no sul do país.

Até o início da noite, o governo alemão ainda não havia comentado a notícia, assim como os Ministérios da Defesa e do Exterior. Segundo a Spiegel, a decisão de enviar os blindados envolveria ao menos uma companhia de tanques Leopard 2 A6, o que representa 14 unidades.

"O fato de a Alemanha apoiar a Ucrânia com os tanques Leopard é um forte sinal de solidariedade" afirmou Christian Duerr, líder parlamentar do Partido Liberal Democrata (FDP), uma das siglas que forma a coalizão de governo na Alemanha, ao lado do Partido Social-Democrata (SPD) e dos Verdes.

Facilidades de envio e manutenção

As frentes de batalha na Ucrânia, que se estendem por mais de mil quilômetros através do leste e do sul do país, estão, em grande parte, estagnadas há pelo menos dois meses, apesar de várias perdas sofridas no dois lados no conflito.

As conversas em torno do envio dos tanques de guerra dominou as discussões entre os aliados de Kiev no Ocidente nos últimos dias.

Berlim possui um papel central nesse debate, uma vez que os tanques Leopard de fabricação alemã – utilizados por Exércitos de vários países da Europa – são amplamente considerados como a melhor opção para a Ucrânia, por estarem disponíveis em grande quantidade, além de serem de fácil manutenção e envio.

Os social-democratas do chanceler alemão, Olaf Scholz, temem que o envio possa gerar um acirramento das agressões russas em solo ucraniano e um aumento do risco de que a Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) seja arrastada para o conflito.

Scholz vinha sendo cada vez mais pressionado para tomar uma decisão. O presidente Zelenski chegou a afirmar que a hesitação de Berlim estava custando vidas ucranianas. O primeiro pedido ucraniano pelo envio de tanques Leopard foi feito pouco depois do início da invasão russa ao país, em 24 de fevereiro do ano passado.

Nesta terça-feira, a Polônia disse ter enviado um pedido formal ao governo alemão para que permitisse que as Forcas Armadas polonesas pudessem enviar seus próprios tanques Leopard 2 para a Ucrânia. Regulamentações de defesa estabelecem que o país que produziu os equipamentos deve aprovar as reexportações dos armamentos dos países da Otan para os aliados.

EUA devem enviar tanques Abrahams

Segundo a Der Spiegel e a agência de notícias Reuters, os Estados Unidos estariam dispostos a abandonar sua oposição ao envio de tanques M1 Abrahams à Ucrânia. O equipamento é considerado menos adequado do que os Leopard devido ao alto consumo de combustível e pelas dificuldades de manutenção.

Se confirmada, essa medida parece ter sido elaborada de modo a facilitar o envio dos Leopard pela Alemanha, que havia pedido uma frente unida entre os aliados na defesa da Ucrânia.

rc (Reuters)