Apesar dos 8 gols, não ouvi nenhum vizinho festejar
2 de junho de 2002Dizem que os alemães têm paixões muito parecidas com as dos brasileiros. Por exemplo, futebol. Mas o cenário vivido neste sábado na Alemanha dificilmente seria imaginável no Brasil, apesar de a seleção canarinho também não alimentar grande otimismo em sua torcida.
Diante do descrédito do selecionado alemão, a Copa do Mundo começou sem grande mobilização dos torcedores no país. Em Colônia, raras são as bandeiras decorando janelas ou fachadas. Igualmente raro é encontrar pessoas nas ruas vestidas com a camisa da seleção.
Durante os 90 minutos da estréia alemã contra a Arábia Saudita, em Sapporo (Japão), a rua defronte à minha casa – uma importante artérias da cidade – teve pouco movimento. Mas, apesar dos 8 a 0, não ouvi sequer um grito de Tor (gol) de algum vizinho. Muito menos a detonação de algum morteiro ou outro fogo de artifício.
O dia esteve ensolarado em quase todo o país e certamente deixou as pessoas diante do dilema de aproveitar o sol ou assistir à partida, com apito inicial às 13h30, horário alemão. Do jeito que o time de Rudi Völler estava desacreditado (as últimas pesquisas apontavam que 40% apostavam que a Alemanha será eliminada logo na primeira fase), é possível que muitos alemães tenham optado pelo sol. Afinal, nunca se sabe quanto tempo ele brilhará até que novas nuvens devolvam o tom cinzento ao céu alemão.
Quem não quis ou não pôde ficar em casa, ainda teve a chance de conciliar sua paixão pelo futebol em muitos bares e cervejarias que instalaram televisores e telões em suas áreas ao ar livre. Estações de trem e outros estabelecimentos seguiram o exemplo. Porém, a freqüência diante dos aparelhos não foi tão alta.
Ao menos até a bem-sucedida estréia deste sábado. Talvez os 8 a 0 mudem a motivação. Mas será mais difícil assistir ao próximo jogo. A partida contra a Irlanda será disputada durante o expediente de trabalho da quarta-feira. E por aqui a maioria das empresas faz jogo duro e não libera os funcionários para ir para casa, nem mesmo para instalar um aparelho de tevê no trabalho.