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Amazônia tem recorde de desmatamento em abril

6 de maio de 2022

Foram mais de mil quilômetros quadrados de floresta derrubada, área 74% superior à destruída no mesmo mês do ano passado. Cifra surpreende, por ser registrada em período de chuvas, quando normalmente há menos desmate.

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Fumaça sai de floresta tropical
Por causa das chuvas, normalmente há menos destruição florestal nos quatro primeiros meses do ano na AmazôniaFoto: Fernando Souza/Fotoarena/picture alliance

Os alertas de desmatamento na Amazônia passaram de mil quilômetros quadrados em abril e alcançaram um recorde para o período, conforme dados do sistema de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgados nesta sexta-feira (06/05). Foram desmatados 1.012,5 quilômetros quadrados de floresta.

Esta é a primeira vez que um dos primeiros quatro meses do ano registra desmatamento que ultrapassa a casa de mil quilômetros quadrados.

O número é um novo recorde de destruição florestal durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), representando um salto expressivo de 74% em relação aos alertas de desmate registrados em abril do ano passado, quando foram destruídos cerca de 580,5 quilômetros quadrados de floresta, número que também era o recorde para o mês.

Segundo o Observatório do Clima, rede de organizações ambientais brasileiras, o cenário é grave já que abril ainda é um mês de chuvas na Amazônia, em que normalmente há menos derrubadas, por causa das dificuldades do clima nessa época para o desmatamento.

"Antes do governo Bolsonaro, era raro um dado mensal de alertas ultrapassar 1.000 km² até mesmo na estação seca", afirma o Observatório do Clima.

Geralmente, tais dimensões de desmatamento são registradas, quando muito, a partir de junho, período em que já começou a estação seca.

Em maio do ano passado, o desmate ficou acima de mil quilômetros quadrados, o que é também historicamente incomum para o mês.

O Observatório aponta que desde agosto passado, os alertas vêm batendo recordes: outubro, janeiro, fevereiro e agora em abril.

"Ecocida-em-chefe"

Segundo a análise do grupo, baseada em dados do Deter/Inpe, no acumulado do ano/período, os alertas já chegaram a 5.070 quilômetros quadrados, o que corresponde a 5% a mais do que na temporada passada, sendo o segundo maior número da série histórica, só perdendo para o recorde de 5.680 quilômetros quadrados alcançado em 2020.

"As causas desse recorde têm nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro. O ecocida-em-chefe do Brasil triunfou em transformar a Amazônia num território sem lei, e o desmatamento será o que os grileiros quiserem que seja. O próximo presidente terá uma dificuldade extrema de reverter esse quadro, porque o crime nunca esteve tão à vontade na região como agora", diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, citado pelo portal de notícias G1.

O Greepeace Brasil também vê na política ambiental do governo federal uma das principais causas desse novo recorde.

"A fragilização dos órgãos de fiscalização ambiental não é por acaso, é um projeto perverso que tem como um dos principais resultados a prescrição de crimes ambientais sem que os criminosos sejam punidos. Com a certeza da impunidade, o que já está ruim tende a piorar caso projetos de leis que visam legalizar a grilagem de terras, flexibilizar o licenciamento ambiental e abrir Terras Indígenas para mineração sejam aprovados na Câmara e no Senado. É preciso de uma vez por todas frear este mecanismo que vem sucateando os órgãos públicos e investir em fiscalização ambiental se quisermos realmente manter a maior floresta tropical do mundo em pé", afirma o coordenador de Amazônia da ONG, André Freitas.

md/ek (ots)