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Alemães têm muito a aprender com franceses em matéria de política familiar

Alois Berger (ca)15 de junho de 2013

Franceses promovem melhor o crescimento da população: taxa de natalidade no país ultrapassa em 50% a da Alemanha. Estudo revela que, quanto mais mulheres no mercado de trabalho, maior o número de filhos.

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Foto: picture-alliance/dpa

"Devido à baixa taxa de natalidade, o número de alemães será cada vez menor", calcula Dominik Grillmeyer, do Instituto Franco-Alemão. "E o de franceses, cada vez maior", constata. Estatísticas mostram que a taxa de natalidade na Alemanha é de 1,4 filho por mulher, enquanto na França essa cifra gira em torno de 2,1. Num futuro próximo, a população francesa será numericamente maior que a alemã, estima Grillmeyer.

E a política familiar francesa não promove somente o crescimento da população, ressalta Christina Schildmann, da Fundação Friedrich Ebert. Segundo ela, o sistema francês também oferece mais igualdade de oportunidades para mulheres, pois se concentra na conciliação entre trabalho e família.

Um estudo da Fundação Friedrich Ebert comprova a relação: "quanto maior a participação das mulheres no mercado de trabalho de um país, maior a taxa de natalidade", resume Schildmann. "Isso não vale não somente para a França, mas também para a Escandinávia."

Formação na creche

Quando o governo francês anunciou recentemente que, no contexto das medidas de austeridade adotadas pelo país, também os gastos com a política familiar seriam reavaliados, os ânimos se acirraram no país. Na França, a política familiar é considerada uma peça-chave do modelo social francês, o qual não se deve ser mexido.

Ele se baseia numa ideia de ser humano que se diferencia um pouco do modelo alemão. "Na França, quanto mais cedo uma criança participar da sociedade, melhor para a formação de seu caráter", explica Angela Greulich, professora de economia e sociologia na Universidade de Paris-Sorbonne. "O recém-nascido é visto como uma espécie de folha em branco a ser preenchida: quanto maior a influência externa, melhor para a criança."

Kindergarten in Frankreich
Jardim de infância na França: influência positiva na formação de caráterFoto: Eric Cabanis/AFP/Getty Images

Na Alemanha, segundo a professora, existe a ideia de que "a criança precisa ser protegida, o maior tempo possível, contra os males do mundo exterior, para que ela possa preservar sua alma pura."

Filhos e trabalho

O princípio de que as crianças devem ser integradas rapidamente na sociedade permeia toda a política educacional na França: vai de creches e jardins de infância, passando por pré-escolas e escolas de tempo integral. Tudo aquilo que está sendo implantado somente agora e a duras penas na Alemanha já é uma realidade óbvia, há décadas, no país vizinho.

Mais de 40% das mulheres francesas trabalham em tempo integral. Na Alemanha, metade das mulheres com filhos pequenos fica em casa. A outra metade trabalha só meio período ou em "miniempregos" (remuneração inferior a 450 euros mensais). Além disso, quanto mais as mulheres francesas ascendem na carreira, maior o número de filhos que elas têm em média.

Baby am Arbeitsplatz
Combinar família e profissão é um problema na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa

Embora atualmente tenham aumentado os esforços para ampliar as possibilidades de cuidados a crianças pequenas na Alemanha, por trás disso, porém, não está um desejo de integrá-las mais precocemente à sociedade – mas sim uma pressão para criar possibilidades de trabalho e carreira profissional para as mães.

Dominik Grillmeyer observa que essa mudança social é acompanhada por uma espécie de peso na consciência. "Na Alemanha, a palavra Rabenmutter (mãe-corvo, em tradução literal) sempre irá pairar no ar", afirma Grillmeyer. "Na França, é impensável que uma mulher seja criticada por deixar o filho aos cuidados de outras pessoas durante o dia."