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Alemanices: O desafio do caixa de supermercado

Karina Gomes
26 de maio de 2017

É preciso ser ágil e eficiente na hora de empacotar as compras na Alemanha. Os caixas são tão rápidos que mal sobra tempo para colocar todos os produtos na sacola. E podem se irritar com clientes "despreparados".

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Deutschland Supermarkt Kasse
Foto: picture alliance/dpa/O. Berg

O "bip bip” da leitura de cada código de barra continua a ecoar, depois de uma noite de pesadelos com a rotina do caixa de supermercado. O trabalho é automático. Ele sabe onde fica o código de barra de praticamente todas as embalagens do supermercado. Cada artigo passa rapidamente por suas mãos. A fila é grande e ninguém pode esperar. Tudo pronto e o cliente afobado, sem dar conta de colocar toda a compra na sacola, ainda nem abriu a carteira. O seu pesadelo é, na verdade, real.

O desabafo de um operador de caixa publicado nesta semana numa rede social foi replicado por vários sites de notícias alemães. A batalha entre o caixa e os clientes é acirrada. Na Alemanha, os funcionários costumam passar as compras com velocidade recorde, enquanto os clientes correm para dar conta de embalar tudo e já ter o dinheiro contado ou o cartão na mão para dar fim à "competição”.

Jornalista Karina Gomes vive na Alemanha desde 2013
Jornalista Karina Gomes vive na Alemanha desde 2013Foto: privat

Fazer compras num supermercado alemão é, de fato, um desafio. Os clientes precisam ser ágeis. Em geral, os caixas têm pouca paciência com quem fica enrolado para empacotar e pagar a compra. O troco é sempre contadinho: mesmo que seja um centavo, você vai receber de volta. Os códigos de barra são fáceis de ler e o scanner tem um bom sistema de leitura. Se você demorar muito para liberar o caixa, pode até levar bronca de outro cliente.

O espaço do caixa para empacotar as compras, ao lado do operador, é geralmente apertado, por isso é preciso correr para colocar tudo na sacola ou mochila. Alguns clientes optam por jogar tudo rapidamente no carrinho e empacotar depois em balcões próximos da saída do supermercado. Já a esteira é longa. Os clientes precisam colocar uma barra de plástico para separar suas compras das dos outros.

Quem empacota as compras é o próprio cliente, e é preciso pagar pelas sacolas. Muitos clientes trazem sacolas de casa, colocam as compras na mochila ou usam caixas de papelão vazias encontradas no supermercado. Sacolas de plástico à venda são pagas junto com a compra e ficam ao lado do caixa. Elas custam entre 0,10 e 1 euro, dependendo do material e do tamanho.

Algumas lojas têm caixas de autoatendimento. Aí o cliente pode relaxar e ler o código de barras na velocidade que preferir. Mas é melhor não demorar muito para não irritar outros clientes.

Outra peculiaridade é que os carrinhos de compra não ficam espalhados dentro do supermercado ou no estacionamento. Eles sempre estão do lado de fora e, para pegar um, é preciso inserir uma moeda de um euro ou fichas especiais de plástico ou metal num local específico, para desprendê-lo dos outros carrinhos. Depois da compra, é só prendê-lo na corrente e pegar a moeda ou a ficha de volta. Nem todos os supermercados oferecem cestinhas.

Aos domingos, a maioria dos supermercados não abre. Por isso, é comum as lojas terem um cenário apocalíptico aos sábados, com estantes vazias e longas filas. É preciso garantir que nada vai faltar na cozinha do silencioso domingo alemão.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.