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Alemanha lança aplicativo de rastreamento para covid-19

16 de junho de 2020

Recurso avisa se usuário esteve próximo de infectados nas últimas duas semanas. Para garantir privacidade, sistema alemão não registra localização do celular, atuando pela troca de dados por bluetooth.

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Mão segurando um smartphone numa estação de trem com o aplicativo Corona Warn-App
O Corona Warn-App é, segundo o governo alemão, o aplicativo mais avançado para covid-19 no mundoFoto: Imago/A. Hettrich

O governo alemão lançou nesta terça-feira (16/06) um novo aplicativo para celular que avisa os usuários caso tenham tido contato próximo com indivíduos infectados com a covid-19.

Helge Braun, chefe de gabinete da chanceler federal alemã, Angela Merkel, elogiou o Corona-Warn-App como pioneiro em seu campo. "Não é o primeiro aplicativo de alerta em todo o mundo a ser desenvolvido, mas estou bastante convencido de que é o melhor. Fazer o download e usá-lo é um pequeno passo para cada um de nós, mas um grande passo na luta contra a pandemia", ressaltou durante o evento de lançamento do aplicativo, em Berlim.

Os aplicativos de rastreamento têm sido apontados como uma ferramenta de alta tecnologia no esforço de rastrear e controlar infecções pelo novo coronavírus. Especialistas dizem que encontrar novos casos rapidamente é a chave para reprimir novos focos de infeção, num momento em que países europeus relaxam as restrições e tentam evitar uma segunda onda.

"Combater esse vírus e contê-lo é um jogo de equipe", declarou o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, à emissora ZDF, acrescentando que ficaria feliz se "muitas centenas de milhares, idealmente muitos milhões", baixassem o aplicativo: "Ele é um ganho para todos que o baixarem e para os outros."

O aplicativo não registra a localização dos usuários, o que impossibilita que as autoridades os espionem. Ele reconhece apenas quais outros usuários estão atualmente nas proximidades. O sistema funciona via bluetooth, um padrão sem fio que permite aos dispositivos trocarem dados a curta distância.

Para isso, os celulares enviam números de identificação de curto prazo. Os detalhes reais do contato só são armazenados localmente no celular do usuário, porém criptografados de forma que mesmo o proprietário não consegue vê-los. Os dados são apagados automaticamente após duas semanas.

Os dados vão também parar em servidores de verificação e de aplicativos. Anonimizados, porém, eles servem para o envio de chaves de verificação e números de transação, a fim de que o sistema funcione com segurança. Para aumentar a segurança do aplicativo e garantir transparência, os desenvolvedores publicaram com antecedência o código-fonte do aplicativo.

Aplicativo envia alerta

Se um laboratório detecta que alguém foi infectado com o Sars-cov-2, o paciente em questão recebe, juntamente com o resultado do exame, um código QR especial, que deve ser escaneado com o celular. Só então é possível emitir um alerta, enviado a todos os que estiveram nas proximidades do contaminado nos últimos 14 dias por um mínimo de 15 minutos.

Recusando-se a revelar quantos precisariam adotar o aplicativo para que ele seja considerado um sucesso, Spahn desmentiu um estudo divulgado pela Universidade de Oxford, segundo o qual softwares desse tipo só são úteis se adotados por mais de 60% da população. Ressaltando que o desempenho do aplicativo também depende de quem, exatamente, o baixa, ele apelou sobretudo aos usuários dos transportes públicos para que o utilizem, ressaltando que sua participação faria uma "diferença qualitativa".

O ministro da Saúde também rebateu acusações sobre um suposto atraso na apresentação do aplicativo, que foi uma fonte de críticas para o governo: "Há muito trabalho envolvido, por isso foram necessários mais alguns dias. Mas estamos dentro do plano de custos e prazos."

A Associação de Varejistas Alemães (HDE) também instou seus membros a usarem o aplicativo para a proteção de funcionários e clientes. "Quanto mais se usar o aplicativo, mais eficaz ele será para impedir a disseminação do coronavírus", disse o presidente da HDE, Josef Sanktjohanser. "O aplicativo é mais um passo importante para garantir mais segurança na vida cotidiana."

Preocupações com privacidade

Apesar de o governo alemão insistir que os usuários terão controle total sobre seus dados, as ressalvas permanecem. Tanto o regime comunista da Alemanha Oriental quanto os nazistas reuniam grande volume de informações sobre seus cidadãos, e a preocupação com a espionagem por parte do governo perdura entre a população do país.

Uma pesquisa recente da emissora pública ARD indicou que 42% dos alemães usariam o aplicativo, sendo 39% contrários. Os demais declararam não possuir um smartphone ou não ter se decidido.

Segundo o governo alemão, o aplicativo custou 20 milhões de euros (cerca 115 milhões de reais) para ser desenvolvido e precisará de outros 3 milhões de euros por mês para operar.

Até agora a Alemanha registrou quase 187 mil casos de covid-19 e 8.800 mortes, segundo dados do Instituto Robert Koch, responsável pelo controle e prevenção de doenças no país.

MD/afp/dpa/rtr

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