Alemanha enfrenta maior onda de falências do pós-guerra
28 de abril de 2002A Associação Alemã das Empresas de Cobrança (BDIU) prevê a falência, em 2002, de 37.200 firmas alemãs, responsáveis por cerca de 600 mil empregos. "Trata-se de um triste recorde no período pós-guerra", disse o presidente da organização, Ulf Giebel, na terça-feira (23), em Hanôver.
A onda de falências pode causar um prejuízo econômico de aproximadamente 40 bilhões de euros ao país. A crise conjuntural e a "péssima moral de pagamento" dos alemães atingem, principalmente, o setor médio, considerado o "motor e coração" da economia. "Além disso, o fenômeno do superendividamento incorporou-se à nossa sociedade, o que foi provocado, em parte, pelas altas taxas de desemprego", explicou Giebel.
Construção civil - Segundo os dados da BDIU, no primeiro trimestre de 2002, o número de pedidos de concordata subiu 15% em relação ao mesmo período no ano passado. O ramo da construção civil é o que deve registrar o maior número de falências (10.500) este ano. A associação, no entanto, também inclui em seus cálculos a quebra de empresas tradicionais, como o grupo de mídia Kirch, de Munique, e a fabricante de material de escritório Herlitz, de Berlim.
De acordo com pesquisa feita junto às 472 firmas filiadas à BDIU, 78% das empresas de cobrança apontam o atraso de pagamento dos consumidores como principal causa das falências na construção civil. Outros motivos seriam a crise econômica e a política restritiva de concessão de créditos adotada pelos bancos.
Inadimplência - O número de consumidores e ex-autônomos inadimplentes deve subir de 13.300 em 2001 para 30 mil este ano. Em 2001, cerca de 2,6 milhões de alemães estavam superendividados. "No primeiro trimestre deste ano, o número de lares falidos subiu 38%. E isso é apenas a ponta do iceberg", disse Giebel. O desemprego é apontado como principal motivo para não pagar as contas em dia.
Segundo Giebel, a introdução do euro, aparentemente, agravou a situação financeira de muitos consumidores. "Enquanto uns reduzem as compras, outros são iludidos pelo efeito psicológico dos preços nominalmente menores e afundam em dívidas. Tem gente que gasta o euro como se fosse o antigo marco alemão e, daí, pergunta, na metade do mês, onde foi parar o dinheiro", disse.