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Alemanha apura acúmulo "incomum" de malformações em bebês

19 de setembro de 2019

Casos de recém-nascidos sem mãos na Alemanha causa alerta entre autoridades sanitárias. Médicos defendem criação de registro central no país, enquanto ministro da Saúde promete investigações, mas adverte contra pânico.

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Recém-nascido
Casos aconteceram no mesmo hospital em GelsenkirchenFoto: picture-alliance/dpa/A. Dedert

Após o nascimento de três bebês com malformações nos membros superiores em 12 semanas num hospital em Gelsenkirchen, no oeste da Alemanha, o ministro alemão da Saúde, Jens Spahn, prometeu esclarecer os casos, ao mesmo tempo alertando contra especulações e pânico. Por sua vez, a classe médica defende a criação de um registro nacional para nascimentos com malformações.

"Há muitos anos não vemos malformações deste tipo. A ocorrência de vários casos agora pode ser um acúmulo aleatório – mas consideramos incomum ter sido num espaço de tempo tão curto", afirmou a clínica em nota. As secretarias estaduais de Saúde de toda a Alemanha pretendem questionar os hospitais sob sua jurisdição se observaram defeitos congênitos semelhantes.

Duas das crianças afetadas apresentam malformação na mão esquerda, a outra, na mão direita. Os médicos dizem não haver coincidências "étnicas, culturais ou sociais" entre as famílias afetadas que possam explicar as deformidades, elas apenas vivem na mesma região.

"Especulações malucas"

O ministro Spahn advertiu contra conclusões precipitadas: "Só tiraremos conclusões quando soubermos algo concreto. Trata-se de descobrir se existe realmente um acúmulo de tais malformações nos bebês", e para isso está sendo feito um levantamento em todo o país. O ministro rejeitou "especulações malucas" sobre que leu, inclusive de que seria efeito de radiações de celulares.

Também a classe médica adverte contra especulações. "Não se pode falar de um acúmulo enquanto não se souber quão alto é o número", observou Holger Stepan, do Departamento de Medicina Pré-natal e Obstetrícia do hospital universitário de Leipzig. No entanto, ele considera compreensível que vários casos num curto período de tempo provoque apreensão.

Mario Rüdiger, chefe do Departamento de Neonatologia e Medicina Pediátrica Intensiva do Hospital Universitário de Dresden aconselha tratar o tema com cautela: "Há ocasionalmente situações em que uma doença rara não se manifesta por muito tempo e, de repente, várias crianças são afetadas consecutivamente". É preciso ficar alerta, mas não entrar em pânico.

Também em Euskirchen, no oeste da Alemanha, recém-nascidos vieram ao mundo com malformações. "Sei de três casos de crianças que nasceram apenas com uma mão nos últimos meses", revelou o político democrata-cristão Detlef Seif ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger, apelando ao Ministério da Saúde para que crie um sistema de alerta precoce em todo o país para tais casos.

"Bebês sem braços" na França

Nos últimos anos, nasceu na França – especialmente nos departamentos de Ain, no leste, Loire-Atlantique, no oeste, e Morbihan, na Bretanha – um número acima da média de bebês com problemas nos membros superiores. No país, o fenômeno é conhecido como "bebês sem braços". Ainda se especula sobre as causas. Como muitas das famílias afetadas vivem perto de áreas rurais, suspeita-se que pesticidas tenham contaminado a água potável e sejam responsáveis pelas malformações.

Os casos recordam os natimortos e bebês com membros deformados do  escândalo da talidomida, nos anos 1960. As mães das crianças atingidas haviam tomado um sedativo contra enjoos na gravidez fabricado à base dessa substância, conhecida na Alemanha pela marca Contergan.

RW/dpa/afp

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