Faltam poloneses
1 de junho de 2007A falta de mão-de-obra estrangeira está ameaçando a colheita do aspargo e do morango na Alemanha, segundo reclamações dos agricultores locais. Entre os estados mais afetados estão a Baixa Saxônia, Brandemburgo e a Renânia do Norte-Vestfália.
Dados da Agência Federal do Trabalho mostram que, até a metade de maio, havia 178 mil estrangeiros trabalhando na agricultura alemã, 10 mil a menos do que no ano passado e 40 mil a menos do que em 2005.
De acordo com os agricultores, os maiores problemas estão sendo enfrentados na colheita do aspargo. "Falta um terço da mão-de-obra necessária. Algumas lavouras estão perdendo 30% da colheita", criticou Dietrich Paul, da associação que reúne os produtores agrícolas da Baixa Saxônia.
Críticas à legislação
As críticas dos agricultores se voltam principalmente contra uma lei elaborada pelo ministro do Trabalho Franz Müntefering, que limita em 90% o número de trabalhadores do Leste Europeu que podem ser empregados na colheita – os demais 10% têm de ser necessariamente desempregados alemães. "Eu empreguei dez alemães. Oito vieram e apenas um ainda está lá", reclamou um agricultor.
Outro ponto da legislação criticado pelos agricultores é o limite de quatro meses que os trabalhadores estrangeiros podem permanecer na Alemanha. Com isso, parte da mão-de-obra oriunda de países do Leste Europeu, principalmente da Polônia, prefere ir para outros países da União Européia, como o Reino Unido, a Itália ou a Holanda, onde as legislações são menos rígidas.
O Partido Liberal Democrático (FDP) e a Associação dos Agricultores Alemães (DBV) pediram o fim da lei, que está em vigor desde 2006. "A livre circulação de trabalhadores na Europa deve se tornar realidade o mais rápido possível", exigiu o deputado liberal Hans-Michael Goldmann. Pela lei atual, apenas em 2011 cairão os limites para permanência de trabalhadores poloneses na Alemanha.
Temor exagerado
O Ministério da Agricultura considerou exagerados os temores de quebra na colheita devido à falta de mão-de-obra. "Ainda é muito cedo para fazer prognósticos", disse uma porta-voz. De acordo com o ministério, foram os próprios agricultores que requisitaram menos mão-de-obra estrangeira.
O ministério lembrou ainda que a atual legislação foi formulada de comum acordo com os agricultores e que ela já foi alterada uma vez: em 2006, o limite de mão-de-obra estrangeira era de 80%.
O Ministério do Trabalho revidou as críticas com a mesma argumentação: "As regras foram definidas junto com as associações de agricultores e permanecem válidas. Os agricultores são incentivados a buscar uma solução com as agências de trabalho locais", afirmou um porta-voz. (as)