A usina de Belo Monte
Planejada desde 1989, usina hidrelétrica no rio Xingu já tem seis turbinas em funcionamento. Construção de barragem resultou em reservatório de 503 km² e afetou vida de pescadores.
Corredor de biodiversidade
O rio Xingu tem 2,7 mil quilômetros de extensão e uma bacia hidrográfica de 51,1 milhões de hectares. Ele nasce em Mato Grosso, avança pelo Pará e desemboca no rio Amazonas, na cidade de Porto de Moz. A bacia forma um importante corredor de biodiversidade, com unidades de conservação e terras indígenas.
Projeto de longa data
O projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte foi apresentado pela primeira vez em 1989. Dentre as principais alterações que sofreu, o plano atual diminuiu em cerca de 60% a área alagada. A água do rio Xingu chega até a casa de força principal por meio de um canal de 20 quilômetros de extensão, construído a parir da barragem.
Obras continuam
O trabalho no interior da usina continua até 2019. Seis turbinas estão em operação atualmente. Quando as 18 previstas estiverem funcionando, a hidrelétrica será a terceira maior do mundo, com capacidade instalada de 11.233,1 MW de energia elétrica, sendo 4.571 MW médios ao ano.
A barragem
A barragem no rio Xingu fica a 40 quilômetros da cidade de Altamira, no Pará. Ela tem pouco mais de 5 quilômetros de extensão e foi construída em grande parte sobre a ilha Pimental. É nesse ponto que se inicia o canal de derivação, que leva água para a usina principal. Com o barramento, um reservatório de 503 km² se formou, e ilhas naturais na calha do rio foram alagadas.
Estrutura complementar
Na barragem foi instalada a casa de força complementar de Pimental. A estrutura aproveita a queda natural do rio, tem seis turbinas com capacidade para gerar 233,1 MW, o que corresponde a 3% da geração do complexo Belo Monte. No local, também foi instalada uma espécie de escada para a passagem de peixes.
Transporte de embarcações
Com o fluxo natural do rio impedido, um sistema de transposição de embarcações foi implantado próximo à barragem. Ele é operado pela Norte Energia e faz o transbordo das embarcações rio abaixo, de graça. Barcos e balsas de mais de seis toneladas são içados e levados por carretas até a outra margem do rio, num trajeto de 800 metros.
Pesca como fonte de renda
A pesca do tucunaré é uma importante fonte de renda dos pescadores na região, que reclamam dos impactos desde a chegada de Belo Monte. Segundo o Ministério Público, o monitoramento de pescado da Norte Energia desconsidera a espécie e ignora a produção da pesca de subsistência, a modalidade de pesca mais importante para a região. A polêmica virou um processo contra a empresa.
Modo de vida ameaçado
A ONG Xingu Vivo estima que 5 mil famílias de pescadores sofram os impactos trazidos pela diminuição da pesca no rio. Segundo o Atlas dos Impactos da UHE Belo Monte Sobre a Pesca, lançado pelo Instituto Socioambiental em parceria com universidades e colônias de pescadores, o modo de vida tradicional está em rota de extinção.
Recomeço
Depois de ser removida de uma das ilhas ao longo do Xingu que foi alagada com o barramento do rio, família reassentada que vivia da pesca tenta recomeçar apostando na agricultura. Pequenas plantações de cacau, abóbora, feijão, mandioca e milho devem servir de fonte de renda e de subsistência.
Saneamento em Altamira
Uma das condicionantes da licença de instalação de Belo Monte é a implantação do sistema de saneamento em Altamira. O projeto deveria ter sido implementado em julho de 2014 para evitar a contaminação do lençol freático pelo afogamento das fossas da cidade com o barramento do rio Xingu.