Bairros exclusivamente comerciais ou empresariais já estavam com os dias contados antes mesmo da pandemia. Agora, com as vendas pela internet e os escritórios remotos, mais espaços comerciais se esvaziam. “O coronavírus tem acelerado muitos processos. Devemos refletir sobre o que fazer com essas ruas comerciais em toda a Alemanha, porque haverá, sim, mudanças. É algo que já estamos notando. A monofuncionalidade é um veneno para o desenvolvimento urbano porque destrói as cidades. A cidade europeia vive da diversidade social e funcional”, alerta Christoph Mäckler, da Universidade Técnica de Dortmund.
Quem mora em um apartamento pequeno na cidade precisa de praças e parques, principalmente em tempos de crise. Onde não há essa oferta, cresce a demanda por casas com jardim em bairros afastados dos centros. Mas não seria possível criar uma área residencial mais acessível num espaço limitado e preservando as áreas verdes?
O arquiteto Karsten Tichelmann defende a ampliação de edifícios já existentes. Em estacionamentos agora sem uso, por exemplo, poderiam ser construídos escritórios, centros comerciais e apartamentos, e espaços de uso comum poderiam ser construídos nos telhados. Em Nurembergue, por exemplo, uma creche vai ser instalada no telhado de um estacionamento.
O mesmo pode ser feito com prédios comerciais e telhados de supermercados. Karsten Tichelmann calcula que, desta forma, dois milhões de apartamentos novos poderiam surgir em toda a Alemanha. “E isso que as cidades alemãs nem são tão densas. Quando se fala em cidades com melhor qualidade de vida, se pensa em Viena ou Zurique. Mas Viena, por exemplo, tem o dobro da densidade populacional de Frankfurt. Isso mostra que a densidade tem que ser pensada com qualidade”, comenta o arquiteto.