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A internet está criando uma geração de desatentos?

Luisa Frey7 de março de 2016

Estudo afirma que as pessoas perdem a concentração após apenas oito segundos, e professores dizem que a internet está criando uma geração que se distrai facilmente. Há, porém, maneiras de reverter essa situação.

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Foto: picture-alliance/dpa/K. Hildenbrand

Uma infinidade de abas abertas no navegador, o alerta de e-mails soando a cada cinco minutos ou o celular vibrando constantemente com notificações do WhatsApp ou de aplicativos de notícias: com tanta informação ao mesmo tempo, fica cada vez mais difícil se concentrar numa atividade ou ler uma página inteira de um livro sem se distrair.

De acordo com um estudo conduzido pela Microsoft e divulgado pela revista Time, as pessoas perdem a concentração após somente oito segundos, em média – menos tempo que os nove segundos que um peixe-vermelho (Carassius auratus) precisa para se distrair. Em 2000, o tempo médio de atenção era de 12 segundos, sendo a diminuição desse tempo um possível sinal dos efeitos da internet no cérebro.

O estudo apontou diferenças entre gerações. Quanto ao uso de smartphones, 77% dos entrevistados entre 18 e 24 anos disseram que, quando nada está ocupando sua atenção, a primeira coisa que fazem é pegar o telefone. Para aqueles acima dos 65 anos, o percentual é de apenas 10%.

Geração de distraídos

Os efeitos das tecnologias são de fato mais perceptíveis entre os jovens. Um estudo do Pew Research Center, de Washington, apontou que, entre 2.500 professores consultados, 77% afirmaram que o impacto da internet e das tecnologias digitais é sobretudo positivo.

Entre os efeitos positivos, eles destacaram que os melhores alunos têm acesso a mais informações e em maior profundidade e que muitos podem se beneficiar da disponibilidade de material educativo em formatos multimídia.

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No entanto, 87% dos docentes afirmaram que essas ferramentas estão criando uma geração que se distrai facilmente, com tempos curtos de concentração. Para 64% dos professores, as tecnologias digitais mais distraem os estudantes do que os ajudam no aprendizado.

Os professores disseram se preocupar com a dependência excessiva de mecanismos de busca, a dificuldade de julgar a qualidade das informações online, além do aumento das distrações e de piores habilidades para gerenciar o próprio tempo.

Para 86% dos professores consultados, os estudantes estão hoje conectados demais e precisam de mais tempo longe das tecnologias digitais. Alguns dos docentes associaram uma "superexposição" à tecnologia à falta de foco e a uma menor habilidade de reter conhecimento.

Estímulo à distração

Os usuários da internet são constantemente estimulados a se distrair. Páginas online são concebidas de modo a atrair o maior número de cliques possível, com vídeos, anúncios e links, possibilitando uma navegação sem fim por abas e mais abas.

Segundo um artigo publicado no blog Gaming Debugged, intitulado Como a internet sabota a sua concentração e o que fazer sobre isso, quando uma pessoa navega na internet, o cérebro tenta ser multitask, ou seja, realizar várias atividades simultaneamente.

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"Depois de um tempo, seu cérebro pode ficar preso num modo de distração permanente porque você o treinou para isso", diz o artigo. "Pode parecer impossível terminar qualquer coisa que você está fazendo sem trocar para outro problema ou atividade. Isso leva a muito tempo perdido."

Exercícios para a concentração

O cérebro é um órgão capaz de se adaptar e criar novos caminhos, afirma o blog. Portanto, seria possível treinar a habilidade de se concentrar numa mesma tarefa por longos períodos de tempo.

Uma dica é tomar consciência da própria mente e de suas tentativas de fuga. Quando vier a vontade de fazer outra coisa, é importante se esforçar para terminar a atividade atual antes de começar algo novo.

Ler livros, jornais e revistas, que não oferecem distrações em forma de links, também pode ajudar. Além disso, é importante se desconectar durante algum período do dia, desligando a TV, o celular e o computador.

"A resposta não é simplesmente parar de se conectar ou até parar de ser multitask. Na verdade, aprender como se concentrar melhor ajuda sua mente a se focar intencionalmente em tarefas individuais e a desconectar rapidamente e retomar o foco quando necessário, tornando seu multitasking mais eficiente", diz o artigo.

A saída, portanto, seria exercer mais controle sobre a própria atenção, evitando que o caos das distrações diminua a habilidade do cérebro de lidar com elas.

Segundo o estudo da Microsoft, enquanto o tempo médio de atenção diminuiu nos últimos anos, a habilidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, ou de ser multitask, melhorou consideravelmente.