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A instigante Deborah Colker em Berlim

Carlos Alberto Ladeira, de Berlim20 de fevereiro de 2003

Ópera Cômica de Berlim apresenta duas peças da coreógrafa carioca: "Casa" e "She".

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Agora no palco da Ópera Cômica de Berlim: Deborah ColkerFoto: Flavio Colker

Casa, encenada pela primeira vez na Alemanha e classificada por Deborah Colker como "arquitetura em movimento", foi inspirada pelos preceitos filosófico-arquitetônicos da escola Bauhaus. Composições de Felix Mendelssohn Bartholdy e Louis Hardin foram escolhidas pela coreógrafa para a encenação do balé.

"Casa é o maior desafio a que me propus até hoje na minha carreira", ressalta ela. "O que eu busco é a arquitetura e os elementos multidisciplinares do corpo, movimentos dentro do espaço... de uma casa, por exemplo", é assim que a artista explica sua peça, lançada no Rio de Janeiro em 1999.

She

, por sua vez, foi pensada especialmente para ser encenada com o Corpo de Balé da Ópera Cômica de Berlim. Teve, portanto, sua estréia mundial na capital alemã. Dura 20 minutos e é uma espécie de prólogo para a peça principal. "O homem, místico e filosófico, seus anseios, seus desejos não exclusivamente eróticos, suas cobiças, sempre e cada vez mais buscadas, inatingíveis às vezes, mas ao mesmo tempo insaciáveis. Uma busca constante, ébria, maluca, interminável", resume Deborah Colker o tema da nova peça, que será sua preocupação nos próximos anos, afirma.

Repercussões divergentes

A qualidade do trabalho coreográfico da carioca convenceu o diário berlinense Morgenpost: "Colker é um multitalento que, paralelamente a apuradas e mesmo inusitadas seqüências de balé, coloca no palco verdadeiras esculturas estéticas, abrindo espaço para a discussão sobre os novos sentidos do belo, da estética do balé e as performances contemporâneas".

Mas nem tudo são elogios nestes primeiros dias de apresentação da coreógrafa brasileira, que está em Berlim a convite da Ópera Cômica, a qual busca novos horizontes nas realizações artísticas. O jornal Die Welt considerou a apresentação "indigna" de ser apresentada naquele palco, e também o Berliner Zeitung disparou: "Trata-se de um show de malabaristas, que nada tem com espetáculo de arte e com balé e que não acrescenta nada ao bom e tradicional nome da Ópera Cômica".

Público aplaude

Deborah Colker rebate as críticas: "Quero fazer arte contemporânea, com temas e técnicas contemporâneas, para um público contemporâneo, sem deixar de lado tudo o que até hoje foi criado artisticamente". O fato de se apresentar em casas tradicionalmente clássicas não significa que sua arte deva constar apenas de "Romeus e Julietas, Cleópatras e Gatas Borralheiras", acrescenta.

A platéia, composta de pessoas de variadas idades, parece ter entendido a mensagem de Deborah Colker, que afirma "buscar a comunicação direta com o público, sem grandes esnobações". Na estréia, os aplausos foram longos, os dançarinos precisaram retornar ao palco nove vezes para agradecer.

As peças Casa e She, de Deborah Colker, poderão ser vistas ainda nos dias 25 de fevereiro; 1º e 14 de março; 21 de abril; 2 e 10 de maio; e, finalmente, 14 de junho.