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2004: Ottke deixa o ringue para ficar na história

(mw)

Após defender o posto de campeão mundial pela 22ª vez, Sven Ottke anunciou a 27 de março de 2004, ainda no ringue, o fim de sua carreira.

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Júbilo ao encerrar invicto a carreira profissionalFoto: AP

O pugilista alemão Sven Ottke aproveitou uma de suas melhores exibições para encerrar sua carreira. Na noite de 27 de março de 2004, o campeão mundial dos supermédios da IBF e da WBA derrotou o desafiante sueco Armand Kranjc e logo em seguida anunciou que iria trocar as luvas de boxe pelos tacos de golfe. A notícia pegou de surpresa até mesmo seu treinador, seu empresário e a família. Os juízes lhe deram unanimemente a vitória por pontos.

Aos 36 anos, Ottke não teve dificuldade para manter sua invencibilidade em sua 34ª luta profissional. Com rápido jogo de pernas, procurava sempre o confronto de perto, desferia seus golpes e depois afastava-se. Apelidado de Phantom, o alemão admite que desejava calar as críticas dos últimos meses. "Elas me atingiram, embora eu tenha pele grossa. Eu queria me despedir com uma boa exibição e acho que consegui."

Despedida inesperada

Oito mil espectadores encheram o ginásio de Magdeburg, local que se tornou o abatedouro de seus adversários. Ali, o berlinense radicado em Karlsruhe enfrentou e venceu oito de seus desafiantes. Seu empresário Wilfried Sauerland preparava, entretanto, a despedida para junho do mesmo ano, em Berlim.

"Seria muito bonito, mas algum dia tem-se de pôr um ponto final, e eu já prometi que pararia a minha filha há três anos", justificou Ottke. "Era muito duro ir para a concentração com ela me pedindo para ficar." O boxeador tem ainda um filho, de cujo crescimento pretende participar mais.

O campeão mundial diz que, a priori, tinha programado já encerrar a carreira em sua luta anterior, em dezembro de 2003, em Nurembergue, mas não pôde. A razão: o BMW Z4 conversível com que desejava saciar um antigo sonho do treinador Ulli Wegner.

"A coisa atrasou. Ninguém pode imaginar o vaivém, a burocracia que enfrentei. De modo que tive de lutar mais uma vez", conta o supermédio. Ao receber simbolicamente um modelo do carro ainda no ringue, Wegner chorou. Desde 1991, eles trabalhavam juntos.

Carreira de glórias

Sven Ottke Doppelweltmeister
Ottke, entre seu empresário Wilfried Sauerland e o treinador Ulli Wegner, ao somar o cinturão da WBA ao da IBF em 15 de março de 2003Foto: AP

Ottke entrou para o boxe aos 14 anos. Como amador, lutou 335 vezes e venceu 286. Foi bicampeão europeu (1991 e 1996) e terceiro colocado em dois mundiais (1989, 1991). Por 11 vezes sagrou-se campeão alemão. Em março de 1997, aos 29 anos, iniciou sua carreira profissional. Após sete anos, a encerrou invicto em 34 combates, sendo seis vitórias por nocaute.

Para o supermédio, o grande momento de sua vida de pugilista foi em 24 de outubro de 1998, quando, em sua 13ª luta profissional, conquistou o título mundial da Federação Internacional de Boxe (IBF) ao vencer o americano Charles Brewer. A partir de então, defendeu o título 22 vezes em cinco anos e meio.

Em 15 de março de 2003, Ottke tornara-se o primeiro alemão nato a ser campeão simultaneamente de duas entidades mundiais do boxe. Ao vencer o americano Byron Mitchell, o berlinense acumulara o cinturão da Associação Mundial de Boxe (WBA). Antes dele, o polonês naturalizado alemão Dariusz Michalczewski também já ostentara em 1997 dois dos quatro títulos mundiais dos meio-pesados.

A hora escolhida para deixar os ringues foi elogiada pela imprensa alemã. "Sven Ottke conseguiu o que muitos outros esportistas não se permitem: um fim digno para uma grande carreira. Ele renunciou no auge. Não fez, como Dariusz Michalczewski, uma luta demais. Ele se vai como astro e ficará assim para sempre na memória", comentou Andreas Hardt, da agência alemã de notícias esportivas SID.