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História

1974: Sequestro de Patricia Hearst

Michael Kleff (gh)

No dia 4 de fevereiro de 1974, o grupo terrorista paramilitar americano SLA sequestrou Patricia Hearst, herdeira de um império jornalístico.

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Patricia Hearst
Foto: picture-alliance/dpa/UPI

"Não tive infância normal. Eu e minhas quatro irmãs crescemos numa família rica. Éramos muito privilegiadas, mas não mimadas." Assim a americana Patricia Hearst, herdeira do império jornalístico Hearst, descreve sua infância numa cena do filme Patty Hearst (1988), baseado no livro Every Secret Thing - Minha própria história.

Ela se definiu como "mais prática do que intelectual, mais esportista do que estudante, social e não solitária. Sempre fui segura de poder dominar qualquer situação". Mas um acontecimento modificaria definitivamente sua vida: no dia 4 de fevereiro de 1974, terroristas do grupo paramilitar Exército Simbionês de Libertação (SLA) sequestraram a estudante de 19 anos em Berkeley, onde morava com o noivo, Steven Weed.

O SLA exigiu de seu pai, filho do magnata da mídia William Randolph Hearst, alimentos no valor de vários milhões de dólares para distribuir aos pobres. Dessa "doação forçada" nasceu mais tarde a fundação filantrópica "People in Need".

A reviravolta na vida

Dois meses depois do sequestro, Patty Hearst reapareceu, armada, participando de um assalto a banco. Num vídeo publicado pelo SLA, Patty disse que agora se chamava Tanya e que havia aderido livremente ao Exército Simbionês de Libertação. Ela garantia também a autenticidade da gravação. Dirigindo-se aos pais e ao noivo, alegou que teve a opção entre ser libertada num local seguro ou aderir ao SLA, "para lutar pela minha libertação e a de todos os oprimidos. Decidi ficar e lutar".

Seis integrantes do SLA foram mortos em maio de 1974, num tiroteio com a polícia, que havia descoberto o esconderijo dos sequestradores em Los Angeles. Em setembro de 1975, Tanya (Patty) foi presa em São Francisco.

Embora tivesse denunciado os integrantes do SLA durante o processo, acusando-os de a terem submetido a uma lavagem cerebral e forçado a participar de atos terroristas, foi condenada a sete anos de prisão por assalto armado. Em 1979, 22 meses depois do anúncio da sentença, o presidente Jimmy Carter mandou suspender a pena de reclusão.

Patricia Hearst-Shaw casou com Bernhard, um ex-funcionário da segurança pública, e teve dois filhos. Ela realizou o sonho de se tornar atriz – atuou em filmes de cinema e televisão – e publicou vários livros.

Patty Hearst
Patty Hearst em 2017Foto: Getty Images for EJAF/J. McCarthy

Indulto de Clinton

Patty Hearst figurou na lista de 140 americanos que receberam o indulto do presidente Bill Clinton no último dia de seu mandato. "Agradeço profundamente a confiança depositada em mim pelos presidentes Clinton e Carter e, ao mesmo tempo, estou aliviada por saber que esta questão está resolvida definitivamente", disse.

Mas o passado de integrante do SLA a continuou incomodando. Em 2001, Patty Hearst teve que testemunhar no processo contra Sara Jane Olson, que, sob o nome de Kathleen Ann Soliah, tentou explodir duas viaturas policiais em 1975 para vingar a execução dos integrantes do SLA.

Olson não se irritou com o indulto de Patty Hearst, mas comentou que, pela segunda vez, o dinheiro e a influência foram decisivos para o perdão da herdeira do magnata da mídia.

Patricia é neta de William Randolph Hearst (1863-1951), em cuja biografia se baseia "Cidadão Kane", filmado por Orson Welles em 1941. O filme, que virou clássico do cinema, conta a história de um magnata americano das comunicações. Na obra de Welles, Hearst é apresentado como um homem que conseguiu tudo o que queria e acabou morrendo solitário.

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