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HistóriaUganda

1971: Golpe de Idi Amin inicia ditadura em Uganda

Publicado 25 de janeiro de 2012Última atualização 25 de janeiro de 2021

Em 25 de janeiro de 1971, Idi Amin Dada tomou o poder em Uganda com um golpe de Estado, iniciando um regime ditatorial, cinco anos após a conquista da independência do país. A oposição foi perseguida e executada.

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Uganda Ex-Diktator Idi Amin
Foto: Getty Images/Liaison

Em janeiro de 1971, o primeiro presidente de Uganda, Milton Obote, estava participando de uma conferência em Cingapura contra o envio de armamentos britânicos à África do Sul. Nesta época, fazia cinco anos que Uganda havia conquistado a independência.

Obote, de orientação esquerdista, era incômodo para o Reino Unido. Londres achava outro ugandense melhor para o posto. Os britânicos o chamavam splendid chap: Idi Amin, nascido no noroeste de Uganda em 1925.

O general Idi Amin, comandante das Forças Armadas, aproveitou a ausência do presidente, em 1971, para tomar o poder em um golpe de Estado. Seu plano era executar Obote e parte da delegação do governo assim que o avião pousasse no país. Os militares cercaram toda a capital, Campala. Avisado previamente, Obote preferiu o exílio na Tanzânia.

O golpe foi aceito por Reino Unido e Israel, responsável pela formação de grande parte do exército ugandense, inclusive do general Amin. Mais tarde, o ditador falaria mal dos judeus e agradeceria a Hitler pelo Holocausto. Mas, em 1971, ainda era amigo de Israel, chegando a permitir a exportação de armas israelenses para os rebeldes no sul do Sudão, parte da estratégia de Tel Aviv de construir uma segunda frente contra os inimigos árabes. Assessores militares inclusive teriam auxiliado Amin a preparar o golpe contra Obote. 

Mais de 300 mil mortos

A amizade com britânicos e israelenses não foi duradoura. Amin queria o máximo possível de armas para atacar a Tanzânia, onde seus inimigos começavam a se organizar. Mas Londres e Tel Aviv eram contra, levando Amin a procurar o apoio dos árabes. O próximo aliado foi Muhammad Kadafi, da Líbia. Os militares israelenses e os cidadãos britânicos – na maioria asiáticos com passaporte do Reino Unido – foram expulsos de Uganda, roubados e desapropriados. Adotou o título "Sua Excelência Presidente Vitalício, Marechal de Campo Alhaji Dr. Idi Amin Dada,Cruz da Vitória, Ordem por Serviços Excepcionais, cruz militar, senhor de todos os animais da Terra e de todos os peixes dos mares e conquistador do Império Britânico na África em geral e em Uganda em particular".

Os opositores de Amin simplesmente foram executados. Durante seus oito anos de governo, calcula-se que o número de mortos ultrapassou 300 mil. Ninguém na comunidade internacional ousou desafiá-lo. A Organização da Unidade Africana (OAU) em princípio hesitou em reconhecer o novo governo. Amin deixou a organização, para depois tornar-se seu presidente. O único país que apoiou maciçamente os críticos de Amin foi a Tanzânia, através de seu presidente, Julius Nyerere.

Promessas não cumpridas

Já Israel desafiou e desacreditou Amin abertamente, ao resgatar, em 1976, os reféns de um avião da Air France desviado para Entebbe, próxima de Campala. O general ditador de Uganda, por seu lado, não cumpriu nenhuma de suas promessas: não libertou Jerusalém, nem a África do Sul.

Amin declarou-se presidente vitalício em 1976 e, além de perseguir a oposição, seu regime caracterizou-se pelo isolamento internacional e a corrupção, levando a economia ao colapso. Em 1978, com a ajuda da Líbia, Uganda promoveu uma invasão fracassada na Tanzânia. Neste meio tempo, a oposição no exílio havia conseguido reunir forças e, com o apoio da Tanzânia, ocupou Campala em 1979.

Amin fugiu do país e Obote retornou à presidência em 1980. Amin se refugiou inicialmente na Líbia e depois no Iraque. Finalmente, ele foi para o exílio na Arábia Saudita, onde o governo lhe concedeu uma mansão em Jeddah, sob a condição de que ele não se envolvesse em atividades políticas. Lá o ex-ditador, apelidado de Carniceiro da África, morreu em 16 de agosto de 2003.