1905: Nascia a cantora de "Lili Marleen"
Publicado 23 de março de 2014Última atualização 23 de março de 2021Liselotte Bunnenberg deixou o marido, o pintor Paul Ernst Wilke, e três filhos para ir em busca de seu grande sonho em Berlim, o teatro. Com algumas aulas de dramaturgia na bagagem, ela partiu, deixando a promessa de buscar os filhos tão logo tivesse condições de sustentá-los.
No início da carreira, aceitava qualquer papel secundário para sobreviver. Fez figurações em filmes e cantou músicas no rádio. Seu talento foi muitas vezes questionado por amigos e produtores. Mas ela não desistiu e aos poucos foi traçando uma carreira duradoura.
Canções antifascistas
A jovem artista conheceu então o homem que seria o grande amor da sua vida: Rolf Liebermann, que se tornaria um grande compositor e diretor de ópera. Ele conta que, quando a conheceu, ela ainda se chamava Liselotte Wilke e fazia parte do elenco de Brecht. "Foi ela que me mostrou toda a literatura antifascista de então, através das suas canções, e tentou me convencer a compor uma música para ela."
Lale deixou Berlim para viver com Liebermann em Zurique. Lá fez dívidas e para fugir dos credores voltou para a Alemanha, onde os nazistas já haviam assumido o poder.
Na época, o compositor Norbert Schultze estava procurando um intérprete para a sua nova música, que ninguém queria cantar. Ela se chamava Lili Marleen e a letra, escrita por um soldado já durante a Primeira Guerra Mundial, relatava a despedida de um jovem soldado de sua namorada e uma amiga, respectivamente Lili e Marleen.
Schultze, então, lembrou-se de Lale: "Eu a havia conhecido seis anos antes, em 1932, em Berlim. Tinha até mesmo me apaixonado por ela, mas sempre dizia abertamente: 'Lale, você é uma garota tão simpática, mas cantar você definitivamente não sabe e nunca vai conseguir'. E é claro que ela ficou muito chateada com isso e nunca mais quis saber de mim. Mesmo assim eu decidi, depois de seis anos, enviar a música a ela, talvez ela aceitasse."
Lili Marleen vira sucesso nas frentes de batalha
Lale aceitou cantá-la. No inferno da Segunda Guerra Mundial, a rádio dos soldados em Belgrado tocou a canção. E, por todas as frentes de guerra, soldados se reconheciam em Lili Marleen, independentemente de sua nacionalidade. A canção foi traduzida para diversas línguas e virou o toque de recolher nos campos de conflito.
Nesse meio tempo, Lale Andersen passou por enormes dificuldades devido à sua ligação com Liebermann, que era judeu. Ela foi presa, acusada de desonrar a pátria. Mas Lili Marleen já havia conquistado os soldados e a mídia de tal forma, que os nazistas foram obrigados a soltá-la.
O romance com Liebermann acabou e ambos encontraram outros cônjuges. O sucesso de Lale Andersen continuou mesmo após a guerra. Ela passou a cantar a música popular de sua região natal e canções de marinheiros.
Mas o sonho de voltar a fazer teatro, ela não pôde mais realizar. Lale Andersen morreu em 29 de agosto de 1972, aos 67 anos, em consequência de distúrbios cardíacos.