1880: Conclusão da Catedral de Colônia
No dia 15 de outubro de 1880, foram dados por encerrados os trabalhos de construção da Catedral de Colônia, que durante as obras chegou a ser o prédio mais alto do mundo. A construção fora começada em 1248, mas permaneceu interrompida por mais de 250 anos por motivos financeiros.
A pedra fundamental da Catedral de Colônia foi assentada pelo arcebispo Konrad von Hochstaden num local em que existiram igrejas desde o ano 313. A planta era do mestre de construções Girard, trazido especialmente de Amiens, na França. Seu projeto previa uma igreja gótica ainda mais majestosa, alta e elegante do que as francesas de Chartres, Reims e Amiens, a fim de abrigar um grande tesouro: o arca com as relíquias dos Três Reis Magos.
Por mais de três séculos, os construtores do templo procuraram manter-se fiéis aos planos originais. Em 1560, a obra foi interrompida, quando 90% da área total já estava em condições de uso para serviços religiosos, apesar do telhado provisório de madeira.
Interrupção e utilização para fins profanos
Falta de dinheiro e desinteresse levaram à suspensão dos trabalhos. Em 1794, Colônia foi ocupada pelas tropas de Napoleão. As lideranças religiosas da cidade buscaram exílio e a catedral foi usada por muitos anos para fins profanos. Por exemplo, como depósito de armas. Só em 1801, voltou a ser uma casa de orações.
Os primeiros apelos para concluir a construção vieram do colecionador de arte Sulpiz Boisserée e do publicista Joseph Görres, no começo do século 19. Em 1814, foram redescobertas em Darmstadt os planos para a fachada da catedral. Poucos anos depois, iniciaram-se os trabalhos de restauração.
Doações ajudaram na conclusão
A conclusão da obra entraria para a história como um dos grandes feitos do rei Frederico Guilherme 4º, da Prússia. Foi ele quem lançou, em 1842, uma nova pedra fundamental para simbolizar o reinício da construção.
Utilizando equipamentos tecnológicos já à disposição na época, o arquiteto Ernst Friedrich Zwirner terminou o projeto em apenas 38 anos. Em 15 de outubro de 1880, graças a generosos recursos do tesouro da Prússia e doações vindas de toda a Alemanha, a chamada "rainha das catedrais" era concluída oficialmente.
Na época, a Prússia protestante estava em conflito com a Igreja Católica. O arcebispo de Colônia, cardeal Paul Melchers, vivia no exílio e, no dia da inauguração da catedral, a família imperial foi recebida apenas pelo bispo coadjutor Johann Anton Baudri. A população local manteve-se discreta nos festejos de vários dias, mas não pôde negar o mérito de Frederico 4º.
As dimensões dessa obra-prima gótica são gigantescas: suas torres de 157 metros podem ser vistas num raio de vários quilômetros. A nave central mede 43 metros de altura, 145 de comprimento e 86 de largura; são 407 mil metros cúbicos de espaço interno e o peso total chega a 160 mil toneladas. Ela sobreviveu ao império prussiano e resistiu a duas guerras mundiais.
Poluição e o fim do mundo
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, Colônia era uma das cidades alemãs em ruínas. A catedral – apesar de danificada por 14 bombas – sobressaía, no meio dos destroços e do caos, como uma esperança: as torres altaneiras deram coragem à população para recomeçar. Mais de 30 mil tijolos foram usados no conserto dos danos causados pelos bombardeios dos Aliados. Os últimos retoques foram dados em 1954.
Mas o prédio que nem as guerras conseguiram destruir enfrenta hoje duas ameaças constantes: o tempo implacável e a poluição. Sabe-se que, mais do que o tempo, a principal causa da deterioração lenta dos mais de 50 tipos de pedra usados na obra é a poluição atmosférica. A chuva ácida, resultante da combustão de carvão e óleo e comum em regiões altamente industrializadas, agride principalmente o calcário e o arenito usados na construção desse Patrimônio Cultural da Humanidade.
Além das pedras, estão ameaçados os 10 mil metros quadrados de vitrais e suas preciosas pinturas. Por isso, arquitetos e restauradores trabalham sem cessar na oficina permanente junto à catedral. Quando os trabalhos terminam em um lado, recomeçam em outro. Segundo uma velha superstição de Colônia, mencionada até em guias turísticos, "quando a catedral ficar definitivamente pronta, o mundo vai acabar".