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A União Africana assinala 50 anos. A aliança começou por lutar contra o colonialismo e contra o 'apartheid' na África do Sul. Com as muitas mudanças no continente e no mundo, hoje as prioridades são outras.
A 25 de maio de 1963 em Adis Abeba, capital da Etiópia, o Presidente do Gana, Kwame Nkrumah, pronunciou um discurso emotivo no ato de fundação da Organização da Unidade Africana (OUA).
"O facto de estarem aqui reunidos representantes de 23 países é prova irrefutável da vontade absoluta de independência dos nossos cidadãos", disse Nkrumah na altura. "Um continente inteiro conferiu-nos um mandato para criarmos nesta conferência a base da nossa unidade."
Essa unidade africana devia pautar-se pela força económica e pela autonomia política. Mas, no final, a principal doutrina, a de não ingerência nos assuntos internos dos Estados nacionais, acabaria por representar o maior problema da União. Sobretudo tendo em conta que à euforia da libertação dos anos 60 se seguiram os golpes de Estado militares e as guerras civis. Os governantes africanos ficaram a assistir de braços cruzados.
O ex-diplomata e autor etíope, Mengiste Desta, rejeita, no entanto, a acusação de que a organização falhou completamente: "Não aceito que se diga que a OUA era uma organização sem dentes. Pelo contrário, tinha dentes fortes, olhando para o seu mandato inicial: libertar todo o continente do colonialismo, do racismo e do regime do 'apartheid'."
Mudança de rumo
Porém, depressa esta constelação foi ultrapassada. O fim do colonialismo e do 'apartheid' conduziram a um debate em torno dos novos objetivos do pan-africanismo, diz Mehari Maru, especialista em assuntos de União Africana no Instituto de Estudos de Segurança (ISS), em Addis Abeba.
O ato formal foi realizado em 2002 em Durban, na África do Sul. O grupo de Estados heterogéneos lançou-se em busca de uma nova razão de ser, que encontrou na integração regional e na democratização, se bem que de forma hesitante.
Foi o líder revolucionário líbio, Mouammar Kadhafi, autoproclamado "Rei de África", que mais forçou o aprofundamento da União, se bem que os seus motivos tenham sido menos filosóficos e mais ligados a uma política de expansão do seu poder.
No entanto, os seus planos para um exército africano, uma moeda única e a liberdade de movimento e comércio, a exemplo da União Europeia, acabaram por semear mais discórdia. Os Estados dividiram-se em dois campos, com a África do Sul a desafiar a liderança de Kadhafi.
Uma mulher na liderança
Hoje é justamente uma sul-africana que dirige a Comissão da União Africana, a primeira mulher a fazê-lo: Nkosazana Dlamini-Zuma, uma reformadora que anunciou a sua intenção de tornar a organização mais eficaz.
Os principais desafios que a União Africana enfrenta hoje são a Somália, o Mali e a República Centro-Africana.
De acordo com o analista Mehari Meru, a África de hoje é "mais democrática do que há dez anos, quando havia menos governos democraticamente eleitos. Mas agora há que democratizar as lideranças, no sentido do reconhecimento e da proteção da diversidade de opinião, que continuam a ser a causa da maioria dos problemas em África."