Tunísia: ONG considera "desumana" expulsão de imigrantes
25 de dezembro de 2022O Governo de Najla Bouden decidiu a expulsão "o mais rápido possível de um grupo de migrantes que residem ilegalmente na Tunísia", durante um Conselho de Ministros que teve lugar na sexta-feira (23.12), segundo a AFP.
Este grupo ocupa há mais de cinco anos um centro juvenil em La Marsa, nos subúrbios a norte de Tunes, "obstruindo as suas atividades" pela "recusa categórica de deixar este local", como alega a presidência do governo, num comunicado de imprensa citado pela agência francesa.
O Fórum Tunisino de Direitos Económicos e Sociais (FTDES) manifestou hoje, em comunicado, a “sua indignação com a decisão repressiva e desumana do Governo".
De acordo com esta ONG, 25 migrantes do sexo masculino, entre egípcios, sudaneses e nigerianos, com idades compreendidas entre os 30 e os 32 anos, que fugiram das tensões na Líbia em 2011, residem neste centro juvenil desde 2017, depois de terem sido deslocados do campo de refugiados de Choucha, no Sul da Tunísia.
Mobilização contra discriminação
O pedido de asilo foi rejeitado, indicou Romdhane Ben Amor, funcionário do FTDES, à AFP, dizendo que "o retorno dos migrantes ao seu país ameaça as suas vidas".
Denunciando uma política "selvagem", o FTDES "adverte contra qualquer tentativa de impor uma solução pela força" a quem "sofre há mais de 10 anos" e apelou à sociedade civil para que se mobilize contra as "políticas discriminatórias contra" os migrantes ilegais, afirmando que estes também são "negligenciados pelas organizações da ONU e da União Europeia".
Em 2011, durante a guerra na Líbia, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) abriu um campo de refugiados em Choucha, que chegou a abrigar 18 mil pessoas no auge da crise.
Em 2013, o ACNUR decidiu fechar este local enquanto centenas dos seus ocupantes aguardavam a realocação em países terceiros, tendo alguns conseguido sair da Tunísia, enquanto outros receberam soluções em áreas urbanas.