Quando voltam os aviões africanos a descolar?
14 de julho de 2020Na África do Sul, a maioria das linhas aéreas já voltou a voar no país, incluindo quatro companhias de baixo custo. Entre elas está a Mango Airlines, filiada à companhia aérea nacional South African Airways (SAA).
A companhia de bandeira sul-africana entrou com um pedido de proteção contra falência, em dezembro de 2019, antes do surto de coronavírus.
Em abril de 2020, o Governo sul-africano decidiu que não continuaria a financiar a companhia aérea. Segundo as autoridades, o Estado não iria mais injetar dinheiro na companhia, que não dá lucro desde 2011. E eram necessários fundos para combater a pandemia de Covid-19.
Nova companhia
Entretanto, o especialista em aviação sul-africano Phuthego Mojapelo explica que a South African Airways tem um plano para se manter no ar. "A South Africa Airways está a desenvolver um plano para iniciar uma nova companhia aérea, a SAA 2.0. Esse plano ainda está com os sindicatos e credores, que precisam votá-lo", explica.
A crise na South African deixa uma lacuna no setor da aviação civil de África. Juntamente com a Ethiopian Airlines e a Kenya Airways, a companhia sul-africana é uma das maiores da África Subsaariana.
A Kenya Airways também sofreu perdas significativas e está atualmente em processo de nacionalização. A Ethiopian Airlines, a mais estável das três grandes companhias aéreas africanas, já tinha sinalizado uma perda de 550 milhões de dólares em abril deste ano, devido à crise da Covid-19.
De acordo com a Associação Internacional de Aviação Civil, as companhias aéreas africanas correm o risco de perder seis mil milhões de dólares em receita, em comparação com 2019, e até três milhões de empregos.
Voar é seguro?
Mas agora os voos de longo curso estão novamente disponíveis: Ethiopian Airlines e Kenya Airways planeiam voar para Paris, Genebra e Bruxelas novamente este mês - embora com frequência reduzida.
Poderá a retoma dos voos contribuir para a propagação da Covid-19? O especialista sul-africano Phuthego Mojapelo está otimista e diz que é seguro voar. "A maioria das nossas aeronaves em África é equipada com HEPA, o filtro de alta eficiência, que faz com que o vírus não sobreviva nos aviões. Isso foi muito divulgado pelo Ministro dos Transportes da África do Sul."
Na Alemanha, o especialista em aviação Cord Schellenberg também acredita que o ambiente dentro de uma aeronave representa muito pouco perigo para os passageiros. "Em todo o mundo, as companhias aéreas vão garantir que as pessoas mantêm a distância no solo, durante o check-in, no portão de embarque e no balcão de bagagem", acrescenta.
Entretanto, as companhias aéreas partem do princípio de que levará algum tempo para a economia retornar aos níveis pré-pandémicos, o que pode ter um impacto nos preços dos bilhetes.
Segundo o especialista alemão, o preço de uma viagem aérea é uma ferramenta importante que pode atrair viajantes. Cord Schellenberg espera que os preços dos bilhetes sejam mais baratos para aumentar a procura de viagens a África.