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Presidente chadiano empossado para um quinto mandato

Philipp Sandner / Maria Joao Pinto8 de agosto de 2016

Presidente chadiano, Idriss Deby Itno, incontornável na luta contra os jihadistas em África, prestou juramento, para um quinto mandato, num clima tenso, após a morte no domingo de um manifestante em N’Djamena.

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Foto: Reuters/T. Negeri

Foi apenas uma formalidade para o homem forte da região da África Central: esta segunda-feira, 8 de agosto, o Presidente do Chade, Idriss Déby Itno (oficialmente proclamado vencedor da eleição de abril, com 59,92% dos votos), foi empossado para um novo mandato, na presença de vários chefes de Estado e dirigentes africanos.

O ex-militar de 64 anos de idade, dos quais 26 no poder, disse na cerimónia de empossamento que seria "o Presidente de todos os chadianos” e prometeu “uma luta implacável contra o terrorismo, onde tente ameaçar os nossos interesses e a nossa segurança”.

Mandato presidencial difícil

Para os analistas este quinto mandato de Deby na Presidência do Chade é de alto risco, porque o país está a viver um ambiente marcado pela crispação social e a ameaça terrorista, após uma eleição contestada pela oposição, em abril.

A cerimónia da tomada de posse de Deby ocorreu numa altura em que também a confiança no Governo e nas autoridades chadianas está num nível muito baixo, nomeadamente devido ao desaparecimento, desde as eleições de abril, de dezenas de militares tidos como críticos do regime.Este domingo, um jovem chadiano foi morto a tiro em N’Djamena durante um protesto convocado pela oposição contra o Governo de Idriss Déby. De acordo com uma fonte policial - ouvida na condição de anonimato pela AFP – uma pessoa foi morta numa manifestação proibida, depois de ter rasgado uma bandeira do MPS, o partido do Presidente do Chade.

Saleh Kebzabo, líder da oposição e oficialmente o segundo candidato mais votado no escrutínio de abril com 12,77% dos votos, disse que o jovem foi morto pela polícia, quando as forças da ordem dispersavam a multidão.

Dia de "cidades mortas"

Nesta segunda-feira, a oposição chadiana convocou um dia de “cidades mortas em todo o território”, rejeitando desta forma a reeleição de Idriss Déby, enquanto seis ex-candidatos presidenciais ponderam mesmo criar um governo paralelo, como explica Saleh Kebzabo:"Deby não é nem legal nem legítimo. Vamos contestar o seu poder até que a verdade seja restaurada. E o governo de salvação pública é uma das armas que temos ao nosso dispor. Déby terá sempre o controlo do exército, das finanças e do Estado. Nós seremos um governo que vai desafiá-lo. Não damos um prazo. Mas vai chegar o momento oportuno para criar este governo.”

A liderança de Idriss Déby tem sido motivo de descontentamento no Chade. As vozes críticas sublinham, por exemplo, que para a cerimónia de tomada de posse desta segunda-feira, o Presidente mandou construir um novo hotel de luxo, num país em que as prisões estão sobrelotadas e os funcionários públicos esperam vários meses pelos seus salários.

Depois do ambiente de intimidação nas eleições de 10 de abril, com vários dissidentes detidos depois de organizarem protestos pacíficos, a situação continuou a agravar-se no país africano.

Desde abril muitos chadianos perderam o acesso a redes sociais como o Twitter, o Facebook ou o Whatsapp. Julie Owono é diretora do departamento africano da ONG “Internet sem fronteiras” e disse à DW que “recebemos relatos de jornalistas que não podem trabalhar, empresários que não podem comunicar com os seus clientes em todo o mundo. As consequências são muito graves. O relatório anual do Fórum Económico Mundial inclui dados sobre a economia da informação no mundo e, neste ranking, o Chade é o último classificado.”O Governo do Chade fala em problemas técnicos para justificar o problema. No entanto, especialistas de comunicações duvidam desta explicação, lembrando que, em janeiro, o executivo chadiano ordenou às operadoras de telecomunicações que restringissem o acesso às redes sociais.

Direitos cívicos restringidos

Ao mesmo tempo, multiplicam-se as queixas de restrições do acesso dos cidadãos aos direitos civis, assim como de más condições de trabalho e de vida. No Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, o Chade ocupa a posição 185.

O Chade, que se tornou produtor de petróleo em 2003, é ainda hoje um dos cinco países mais pobres do mundo, segundo a ONU, onde 70% da populacao é analfabeta.

Entretanto, Idriss Déby parece ter adoptado uma postura defensiva. Tentou, sem sucesso, travar os seus opositores políticos com uma reforma constitucional. Um plano que, segundo a oposição, visava criar o cargo de vice-Presidente para que Déby pudesse treinar um sucessor, embora o partido no poder rejeite estas alegações.

Tschad Wahlen Stimmauszählung in N'Djamena
Contagem dos votos no Chade (10.04.2016)Foto: Getty Images/AFP/I. Sanogo
Tschad Proteste Zivillgesellschaftsorganisationen und Opposition
Protesto em N'djamena contra reeleição de DebyFoto: DW/D. Blaise
Wahlen Tschad Saleh Kebzaboh
Saleh Kebzaboh, líder da oposição e o segundo candidato mais votado no escrutínio de abrilFoto: Getty Images/I. Sanogo
Tschad Proteste Zivillgesellschaftsorganisationen und Opposition
Protesto convocado pela oposição contra o Governo de Idriss Déby (31.03.2016)Foto: DW/D. Blaise
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