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Missão Kanimambo e Memórias e Gentes criam parceria para defender albinos moçambicanos, reforçando campanhas de sensibilização. Entidades querem levar protetores solares, óculos e chapéus a 200 pessoas com albinismo.
A Missão Kanimambo - um projeto sediado em Lisboa que visa mobilizar apoios para os cidadãos portadores de albinismo, especialmente em Moçambique - e a Memórias e Gentes - uma associação humanitária que promove o desenvolvimento nos países de expressão lusófona - estão preocupadas com a onda de perseguição às pessoas com albinismo, particularmente em Moçambique, onde muitos albinos continuam a ser raptados e assassinados.
Há curandeiros que chegam a pagar 75 mil dólares por um conjunto completo de órgãos de um albino para serem usados em feitiços, que acreditam trazer boa sorte, amor e riqueza.
Ao abrigo de um protocolo recentemente assinado em Lisboa, as duas entidades preparam várias iniciativas para 2016 que visam apoiar e proteger os cidadãos albinos.
Da discriminação à perseguição
Estima-se que em Moçambique haja cerca de 20 mil pessoas com albinismo. Desde o início deste ano, sobretudo na região norte que abrange Nampula, tem aumentado o número de cidadãos com ausência de pigmentação na pele vítimas de raptos e assassinatos.
Miguel Anacoreta Correia, um dos fundadores da Missão Kanimambo, afirma que “todos os indicadores apontam para o recrudescimento da perseguição aos albinos”, passando-se “de uma fase de discriminação para a perseguição”. “Há os mitos feiticistas, que acreditam que os cabelos, os ossos e os órgãos de albinos são sorte ou azar durante as circunstâncias, e um negócio montado”, diz Miguel Correia.
Segundo o responsável da Missão Kanimambo, há vários estudos, incluindo um relatório das Nações Unidas, que revelam que “o corpo de um albino pode valer entre 50 mil e 75 mil dólares, o que representa uma fortuna incomensurável naquela área”.
Mobilização de apoios
A Missão Kanimambo quer posicionar-se como interlocutora do Governo moçambicano na concepção de políticas em defesa dos albinos. “Podemos começar por aí”, diz Margarida Carneiro, coordenadora do projeto.
“Por outro lado, também temos direito à saúde e à assistência clínica”, salienta, lembrando que quem procura a Missão Kanimambo terá, garantidamente, “na área clínica, um protetor solar”.
“Aquilo que podemos fazer em termos de situações de que tenhamos conhecimento, como já aconteceu, é reportar os casos à perita das Nações Unidas”, conclui Margarida Carneiro.