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Bissau: Natal em tempo de crise política será difícil

Iancuba Dansó (Bissau)
22 de dezembro de 2023

Com o aproximar do Natal, os guineenses estão a ter dificuldades para conseguir todos os produtos que querem para a quadra festiva. Os comerciantes culpam a crise política pela situação.

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Mercado em Bissau
Foto: Iancuba Dansó/DW

A poucos dias do Natal, os guineenses vivem em clima de incerteza devido à crise política que também agravou a capacidade de compra dos consumidores. O salário só começou a ser pago aos funcionários públicos esta quarta-feira (20.12), contrariamente aos anos anteriores, quando os ordenados eram pagos a partir do dia 15 de dezembro.

Os mercados têm muita procura neste momento, mas os compradores não conseguem levar tudo o que querem e os comerciantes, por sua vez, lamentam o fraco poder de compra. Os vendedores ouvidos pela DW África no mercado de Bandim, em Bissau, o principal do país, dizem que vivem momentos difíceis.

"Não há negócio nestes dias e não sei se é por falta de dinheiro ou pela paralisia que se verificou no Governo. Mas nestes dias, a situação piorou", diz uma comerciante.

As lamentações são partilhadas por outro vendedor: "Nada está a ser comprado desde o início de dezembro e aqui estamos sentados sem nada. Nunca vimos este sofrimento na Guiné-Bissau." 

Mercado em Bissau
A vida está mais cara na Guiné-BissauFoto: Iancuba Dansó/DW

"Crise política poderá agravar a situação económica"

Na Guiné-Bissau, no período da quadra festiva, regista-se, habitualmente, especulação dos preços de bens essenciais. A Associação dos Consumidores de Bens e Serviços já veio apelar à população a denunciar a situação e também pediu à inspeção do comércio para fazer o seu trabalho.

O economista Abdulai Djaló explicou à DW África os fatores que terão contribuído para o fraco poder de compra dos consumidores, em tempos de crise: "Há um bom tempo que os guineenses têm vivido em situações atípicas e, nessas situações, todo o mundo fica com receio. Isso leva ao consumidor e os comerciantes à contenção. Quem tem o produto vai guardá-lo, porque não sabe o que pode acontecer, e o comprador vai fazer a mesma coisa."

A Igreja Católica guineense alerta que a crise política poderá agravar ainda mais a situação económica de várias famílias.

"Há um bom tempo que muitos guineenses estão com graves problemas económicos, que poderão ser agravados pelos últimos acontecimentos políticos. Há famílias que não têm o que comer. E todos nós podemos estar a passar por momentos difíceis do ponto de vista económico, mas isso não nos impede de ajudar aqueles que precisam, sobretudo no dia do Natal", disse o padre Paulo de Pina Araújo. 

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