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PolíticaGuiné-Conacri

Guiné-Conacri: Quem é Mamady Doumbouya?

Kossivi Tiassou
7 de setembro de 2021

O líder golpista era um homem respeitado pelo Presidente deposto. Alpha Condé também o tinha como homem da sua confiança. Doumboya tinha demasiado poder e não se entendia com a liderança da ala castrense.

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Guinea | Mamady Doumbouya
Foto: CELLOU BINANI/AFP/ Getty Images

Mamady Doumbouya, líder das forças especiais de elite do exército guineense, é – desde o último domingo (05.09) – o protagonista da situação política na Guiné-Conacri.

Depois do golpe de estado que depôs o Presidente Alpha Condé, todos os holofotes estão virados para o tenente-coronel que, desde então, assume as rédeas do país e já prometeu a criação de um "governo de unidade nacional”.

Afinal, quem é o novo "homem forte” da Guiné-Conacri? "É alguém por quem Alpha Condé tinha grande respeito e em quem tinha grande confiança. É um homem militar e dizem aqui que está muito bem treinado", descreve o jornalista Ibrahima Sory Traoré, que chama a atenção para a experiência do líder enquanto militar.

Mamady Doumbouya é um antigo legionário do exército francês que foi chamado à Guiné em 2018 para liderar o Grupo de Forças Especiais (GPS), a unidade de elite do exército guineense.

"O Presidente confiou-lhe esta famosa unidade especial, cuja principal tarefa é a luta contra o terrorismo”, conta ainda Sory.

Quando esteve na Legião Francesa participou em missões em países  como o Afeganistão, Costa do Marfim e República Centro-Africana e também conhece muito bem o oficial militar Assimi Goita, responsável pelo golpe de estado, em maio deste ano, no Mali e atual Presidente interino do país.

Guinea Alpha Conde
Alpha Conde, Presidente depostoFoto: Facebook/Alpha Condé

Desavenças com a ala castrense

Os ataques terroristas recorrentes na região levaram as autoridades guineenses a confiar a Doumbouya a vigilância e a luta contra o terrorismo. Para tal, foi-lhe atribuído avultadas quantias de dinheiro e armas que, na verdade, eram destinadas a outras unidades.

No entanto a relação entre Doumbouya e o ministro da Defesa Mohamed Diané não era das melhores, de acordo com o professor Amadou Sadjo Barry da universidade CEGEP no Canadá.

"Desde a criação do grupo de forças especiais em 2018 existe um desejo de fortalecer essas forças. Uma vontade que os mais fervorosos colaboradores de Alpha Condé, como Mohamed Diané, viram como uma ameaça à continuação da existência do regime", revela.

"Demasiado poderoso no exército"

Esse desejo de fortalecimento levou a disputas entre o exército e Doumbouya que queria transformar a unidade especial que dirige em um grupo independente do Ministério da Defesa, conforme recorda o jornalista Sory Traoré:

"Segundo rumores, ele não queria submeter-se à hierarquia militar estabelecida. Queria ter muito mais autonomia. Por esta razão, teve problemas com o exército tradicional. Algumas pessoas já o viam como demasiado poderoso no exército", diz.

O líder das forças especiais prometeu esta segunda-feria criar um Governo de Unidade Nacional para liderar o período de "transição" política e assegurou que não haverá "caça às bruxas" contra o antigo Governo.

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