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Guiné-Bissau: Apelos à união no congresso do PRS

Iancuba Dansó (Bissau)
11 de janeiro de 2022

Começou o congresso Partido da Renovação Social (PRS), após dois adiamentos consecutivos. O encontro tem lugar numa altura da fragmentação interna. Vários ex-aliados do líder cessante candidatam-se à liderança.

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Foto: DW/B. Darame

É o congresso mais concorrido de sempre no Partido da Renovação Social (PRS), com 10 candidatos à presidência da força política. Um deles é Alberto Nambeia, líder cessante, que chegou ao país no sábado (08.01) para participar na reunião magna, depois de vários meses em tratamento médico no estrangeiro.

Sob o lema "Legado político do Dr. Kumba Ialá face aos desafios de desenvolvimento", o encontro é considerado uma oportunidade para a consolidação da coesão interna do partido. Vários ex-aliados de Alberto Nambeia, incluindo o atual secretário-geral do PRS, Florentino Mendes Pereira, decidiram avançar com a sua candidatura.

Na abertura dos trabalhos, esta segunda-feira (10.01), o líder cessante afirmou: "Não viemos aqui para criar problemas, mas para trabalhar e tornar o PRS mais forte e mais unido. Quem pensa que o PRS veio aqui para a divisão, vai ver o contrário neste salão".

Nambeia frisou que as raízes do partido na democracia guineense são profundas.

"Não se pode falar da democracia na Guiné-Bissau sem o PRS. O PRS é o motor da democracia", disse.

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"Não haverá mudanças"

O jurista guineense Luís Peti diz, no entanto, que está pessimista em relação ao desfecho do VI Congresso Ordinário do PRS.

A procura de coesão interna poderá não passar de uma miragem, comenta Peti. Há vários fatores que o levam a acreditar nisso, "começando pela organização do congresso, que foi adiado várias vezes, e lembrando as vozes contestatárias da direção do PRS que insistem na renovação do mandato, além das condições de saúde do presidente cessante Alberto Nambeia".

Tudo isso mina a "confiança de o PRS poder sair deste congresso com algo de positivo, internamente", conclui o jurista.

Para o jornalista António Nhaga, ganhe quem ganhar a corrida à liderança do PRS, "não haverá mudanças, quer a nível da governação, quer a nível do próprio partido".

O PRS partilha a governação com o Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15) e a Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), numa altura em que se regista uma crise social no país e fortes desentendimentos políticos.

Mas, segundo Nhaga, "este congresso é mais uma forma de legitimar os órgãos do partido. Não vai trazer nada. Estou convencido de que quem ganhar o congresso não vai ganhar o partido e, não ganhando o partido, não haverá nenhuma contribuição quer para a governação quer para a própria estabilidade do país".

O congresso do PRS decorre em Gardete, nos arredores de Bissau, e conta com a participação de mais de 900 delegados vindos de diferentes partes do país e da diáspora.

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