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Governo moçambicano e familiares de Mido Macie negam haver pressão

Leonel Matias25 de março de 2013

Familiares do taxista moçambicano, Mido Macie, morto pela polícia sul-africana, desmentem que estão a ser pressionados pelo Governo de Moçambique para retirarem a queixa e procurarem um acordo extra-judicial.

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Mido Macie a ser arrastado pela políca sul-africana
Mido Macie a ser arrastado pela políca sul-africanaFoto: picture alliance / dpa

A mãe do jovem taxista moçambicano Mido Macie morto pela polícia sul-africana a 28 de fevereiro último, Joaneta Chopo, desmentiu notícias postas a circular indicando que os familiares da vítima estavam a sofrer pressões do Governo moçambicano para retirar a queixa e procurar um acordo fora do tribunal: “Não é verdade, eu como mãe dele preciso que se faça justiça neste caso. Até pedimos ao Governo que não abandone o caso.”

As noticias citavam uma fonte da firma de advogados sul-fricanos Jurgens Bekker Attorney, que estava a cuidar do caso.

Quando questionada se o Governo tinha pedido à família de Mido Macie para retirar o caso a mãe do malogrado respondeu: “ Não é verdade. O Governo nunca veio falar comigo e nem com o meu marido sobre esse assunto.”

Executivo moçambicano nega acusações

A morte do taxista moçambicano chocou o mundo
A morte do taxista moçambicano chocou o mundoFoto: AFP/Getty Images

O Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, negou, igualmente, que o seu Governo tenha pressionado a família de Mido Macie a retirar a queixa: “Isso é absolutamente falso. Nenhum governo sério como o nosso começa por denunciar o crime, apoiar a família colocando um advogado à disposição, e com base nesse apoio os criminosos são levados a julgamento.”

O chefe da diplomacia moçambicana explica que o Governo moçambicano à luz da Convenção de Genebra tem a obrigação de prestar assistência consular aos seus cidadãos no exterior. E com base nesse pressuposto “é isso que o Governo tem estado a fazer de uma forma coerente, consistente e determinada”, garante Oldemiro Balói.

Ainda de acordo com o ministro moçambicano a firma de advogados sul-africanos que cuidava do caso tinha convencido o pai da vítima a assinar um documento em que afastava do processo o advogado do Governo, José de Nascimento.

O preço da ignorância

A ação violenta da polícia foi duramente contestada pelos sul-africanos que assistiram o caso
A ação violenta da polícia foi duramente contestada pelos sul-africanos que assistiram o casoFoto: Reuters

Este facto é confirmado por Joaneta Chopo: “Assinamos esse documento, mas não sabíamos nada porque eu e o meu marido não falamos Inglês, e nem sabíamos para que servia o documento. Assinamos mas não sabíamos para que era o documento.”

A família Macie conseguiu anular na última sexta feira ( 22.03.) as procurações que havia passado em nome da firma Jurgens Bekker Attorney para que os representasse em fóruns judiciais na África do Sul.

A assistência jurídica de Mido Macie passa para as mãos do advogado indicado pelo Governo moçambicano, numa altura em que prossegue o julgamento dos nove polícias indiciados do envolvimento no caso.

Recorde-se que Mido Macie, taxista moçambicano, foi encontrado morto nas celas de uma esquadra sul-africana, depois de ter sido amarrado na parte traseira de uma viatura da polícia e arrastado no asfalto numa distância de cerca de 400 metros.
As circunstâncias da sua morte provocaram ondas de choque no país.

Milhares de pessoas saíram à rua na capital Maputo em manifestações de repúdio exigindo justiça.

Autor: Leonel Matias (Maputo)
Edição: Nádia Issufo / António Rocha

Governo moçambicano e familiares de Mido Macie negam haver pressão