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Fogareiro melhorado revoluciona Guiné-Bissau

Darame, Braima26 de março de 2013

O fogareiro melhorado reduz gastos nas famílias pobres guinesses, para além de respeitar o meio ambiente. Com a sua utilização menos se usa carvão e lenha. Também o tempo de confeção reduz, para satisafação das utentes.

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Um grupo de jovens preocupados com o aumento de corte de árvores para o consumo de carvão mineral na Guiné-Bissau lançou no mercado guineense um fogareiro mais barato, rápido e que consome menos.

Para já mais de duzentas famílias sem dinheiro para ter em casa um fogão a gás usam o novo fogareiro nos bairros da capital guineense, Bissau.

As utentes garantiram a DW África que estão satisfeitas com a novidade: "Trouxeram-nos esse tipo de fogão que nos vai ajudar bastante, visto ser mais económico. E por isso pedimos que continuem a trazer mais ajudas do género."

Outra mulher ressalta ainda a questão ambiental: "Nós mulheres devemos adquirir o mais rápido possível este fogão porque vai reduzir os nossos esforços e ao mesmo tempo reduzir o consumo de carvão e assim poupamos a nossa floresta."

Os efeitos da desflorestação

No interior do país, nomeadamente nas zonas de Varela, no norte, a desflorestação causa erosão e mesmo em alguns lugares já se constata uma certa desertificação.

Ao redor de muitos bairros de Bissau regista-se uma grande carência de lenha e carvão nos últimos tempos e em consequência os preços dispararam porque os produtos têm que ser transportados de localidades muito distantes.

Com o interior em cerâmica, para concentrar rápido o calor na panela, o novo fogareiro reduz gastos para uma população pobre, garante menos poluição e menos árvores serão abatidas para serem transformadas em carvão.

Salvar o que resta

O Presidente da Associação Pobreza Zero, Aladje Sanha, destaca também a questão ambiental na utilização do fogão: "Pensamos de uma maneira positiva para reduzir a desflorestação que está a ocorrer no país de forma irracional, a fim de diminuir o consumo de lenha e carvão no nosso país."

O jovem lembra que devido ao corte de árvores de grande porte para fazer carvão, e não só, há florestas comunitárias nas zonas protegidas, já foram completamente destruídas.

Educar as comunidades

Por isso o projeto requer uma pressão cívica e uma nova mentalidade que deve ser acatada pelos atores económicos e políticos, considera Aladje Sanha: "O projeto surge para colmatar as dificuldades enfrentadas pelas mulheres. Antes, as famílias gastavam diariamente uma média de 400 francos CFA (cerca de 2 euros) no consumo de carvão e agora reduziu significativamente para 150 francos (cerca de 0,75 cêntimos)."

Com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que deu uma formação em cerâmica e serralharia, para que fossem criadas associações que produzissem fornos, a Associação Pobreza Zero, com sede no Bairro Militar, o mais populoso de Bissau, diz que já atingiu a meta no concernente a produção e venda deste novo fogareiro melhorado.

Aladje Sanha diz que há ainda planos para o alargamento do projeto: "Prevemos beneficiar uma média de 220 famílias numa primeira fase, mas já ultrapassamos as expetativas, esse fogão já está noutras regiões do país."

Chamam-lhe "fogão melhorado" e tem várias vantagens, entre elas: economia em dinheiro, rapidez na cozinha, pouco fumo, limpeza e segurança, conforto e robustez. O fogão melhorado é feito de barro e tem garantia de 10 anos.