FMI confirma em Luanda empréstimo a Angola
20 de dezembro de 2018A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, que iniciou esta quinta-feira (20.12.) uma visita a Angola até sábado (22.12.), confirmou, em Luanda, o empréstimo a Angola de 3,7 mil milhões de dólares.
Depois do encontro com Presidente angolano João Lourenço, realizou-se uma conferencia de imprensa conjunta, nos jardins da cidade alta, onde Christine Lagarde elogiou as reformas em curso em Angola sublinhando "a coragem" de João Lourenço, sobretudo pelos esforços positivos nas alterações de cariz económico e nas medidas de combate à corrupção
A diretora do Fundo Monetário Internacional confirmou os valores monetários que serão dados a Angola. Lagarde afirmou também que a instituição financeira que dirige, vê com bons olhos o programa de reforma económica e financeira que está a ser implementado pelo governo de Luanda.
"No âmbito de um programa de financiamento ampliado, o Fundo Monetário Internacional aprovou um montante no valor de 3,7 mil milhões de dólares”.
Angola já recebeu primeira tranche
Destes valores, explicou o Presidente angolano, João Lourenço, o seu Executivo já recebeu o primeiro valor monetário.
"Com anuência da presidente do Fundo Monetário, dias depois da aprovação pelo board [conselho de administração] do fundo, a primeira tranche deste mesmo valor, Angola acaba de receber. Um valor estimado em mil milhões de dólares".
Para Christine Lagarde, a reforma do Estado angolano levada a cabo pelo Governo de João Lourenço deve ser acompanhada com medidas como o combate a corrupção e a boa governação.
"Estamos em crer que as reformas que Sua Excelência senhor Presidente pretende levar a cabo são muito importantes principalmente na estabilização da macroeconomia. Para esse efeito é preciso combater a corrupção e se assegure a melhor governação, em prol da economia e do povo de Angola".
Diversificar a economia
Para efetivação e o avanço dos programas governamentais em curso em Angola, Lagarde também entende que é necessário a tomada de outras medidas como a diversificação da economia.
"Para que haja este progresso, o programa deve focar-se em várias áreas que são muito importantes como a diversificação da economia, crescimento económico mais inclusivo, reduzir a dívida pública e isso passa pela consolidação fiscal antecipada"destacou a diretora do FMI.
Questionada sobre se o Fundo Monetário Internacional exigiria de Angola, a redução de trabalhadores na função pública ou a redução de subvenção de alguns bens e serviços, a diretora do FMI, disse que isso não iria acontecer.
Para Lagarde, outra das medidas elogiadas e que o FMI vai continuar a apoiar passa pela assistência à supervisão bancária e ao combate ao terrorismo e ao branqueamento de capitais, bem como proteger as camadas mais desfavorecidas da população, pois o objetivo da instituição "é idêntico ao das autoridades de Luanda que é melhorar as condições de vida dos angolanos".
Programa de estabilização macroeconómica
Sobre a visita de Christine Lagarde e o empréstimo do fundo, a DW África, conversou com Francisco Paulo, economista angolano e investigador do Centro de Estudos e Investigação Cientifica da Universidade Católica de Angola.
"Esta visita de alto nível é muito bom para o país e isto demonstra que o Fundo Monetário Internacional está interessado em Angola. O facto de a própria diretora visitar Angola demonstra o interesse, mas também o FMI concorda em parte com as politicas que o Governo está a tomar quer a nível do Programa de Estabilização Macroeconómica quer do Plano Nacional de Desenvolvimento".
Francisco Paulo aponta algumas das vantagens do acordo assinado entre Angola e o Fundo Monetário Internacional.
"Vai ajudar o Governo a ser mais rigoroso, a ter mais disciplina fiscal no que diz respeito as despesas do Orçamento Geral do Estado e terá mais controlo de toda atividade económica porque o país está a enfrentar uma recessão económica severa. Há três anos consecutivo que o país tem uma recessão económica, o Fundo Monetário está a par disso e quer ajudar o país a melhorar a situação".