Sissoco toma "posse simbólica" como Presidente
27 de fevereiro de 2020O Presidente cessante, José Mário Vaz, entregou nesta quinta-feira (27.02) a cadeira presidencial da Guiné-Bissau a Umaro Sissoco Embaló, declarado pela Comissão Nacional de Eleições como vencedor nas eleições de dezembro último.
Na cerimónia que teve lugar num dos hotéis de Bissau, com a presença do Presidente cessante e dos políticos que apoiaram a sua candidatura, Sissoco prometeu "refundar o Estado", ser um Presidente "de todos os guineenses", repor a autoridade do Estado e "fundar uma nova república" que seria, segundo suas palavras, "respeitada por todos".
"Pertencemos a uma geração de concreto e acreditamos que todos juntos seremos capazes de criar escolas, de dar pão aos guineenses e de assumir a [nossa] terra. É uma luta para o desenvolvimento”, disse Sissoco no seu discurso de posse.
Comunidade Internacional
Presentes na cerimónia estavam deputados do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15) e do Partido da Renovação Social (PRS), além de várias figuras políticas da Guiné-Bissau. A tomada de posse simbólica foi marcada por Sissoco Embaló enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) um contencioso eleitoral interposto pelo candidato Domingos Simões Pereira.
A comunidade internacional esteve representada apenas pelos embaixadores da Gâmbia e do Senegal em Bissau. Presente na cerimónia esteve também o general António Indjai, antigo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, apontado como responsável pelo golpe de Estado de 2012.
Sissoco garante a preservação da soberania nacional do país, promover a coesão e a reconciliação nacional, a igualdade, a justiça e o acesso a educação, saúde, habitação e serviços de qualidade aos cidadãos.
"Proponho um novo começo, a restauração da autoridade do Estado primada na lei e nos direitos humanos, no combate à corrupção, na melhoria da condição de vida dos cidadãos e na melhoria da qualidade da governação nacional”, afirmou.
Jomav entrega Palácio da República
Sissoco disse que vai se empenhar na busca de uma solução para a "crise artificial”, referindo-se ao contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira no STJ. O declarado vencedor das eleições pela CNE diz que haverá uma mudança para melhor na Guiné-Bissau após a sua eleição.
Milhares de apoiantes de Umaro Sissoco Embaló juntaram-se em frente à Presidência da Guiné-Bissau, onde decorreu a passagem de poderes do Presidente cessante, José Mário Vaz, ao major-general - dado pela comissão eleitoral como vencedor das presidenciais.
No final da cerimónia, o Presidente cessante abandonou o Palácio da Presidência.
Todo o ato foi acompanhado pelas forças de segurança, bem como por elementos da Ecomib, forças de interposição da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que garantem a segurança dos líderes guineenses.
Nas ruas próximas do Palácio da Presidência os apoiantes de Umaro Sissoco Embaló tentam chegar à Praça dos Heróis Nacionais para celebrar a posse simbólica.
Conselho de ministros com a Comunidade Internacional
Enquanto decorria a cerimónia de posse de Sissoco, o primeiro-ministro Aristides Gomes reunia-se, no palácio do Governo, com os representantes da comunidade internacional e embaixadores acreditados na Guiné-Bissau para reiterar que a tomada de posse simbólica de Umaro Sissoco Embaló seria um golpe de Estado.
"Por ordem do ex-Presidente José Mário Vaz, o batalhão da Presidência da República ocupou os perímetros do hotel Azalai para permitir a tomada de posse ilegal de um candidato às eleições numa altura em que se aguarda pela decisão do STJ sobre o diferendo eleitoral", lê-se numa publicação na página de Facebook de Aristides Gomes.
Várias artérias e cruzamentos de Bissau estão a ser patrulhados por soldados armados, embora a população e os transportes circulem livremente. O presidente do parlamento guineense, Cipriano Cassamá - que segundo a lei é quem concede a posse ao Presidente eleito - não aceitou participar da cerimónia convocada pelo vice-presidente do Parlamento, Nuno Gomes Nabiam, alegando aguardar pela decisão do STJ.