Contatados pela DW, a polícia e a procuradora provincial não confirmaram nem desmentiram a detenção do comandante chefe do Grupo de Operações Especiais (GOE), Tudelo Macauze. Mas em declarações à agência de notícias portuguesa Lusa, o porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique confirmou que o oficial está detido.
Anastácio Matavel, representante da plataforma de observação eleitoral Sala da Paz, foi morto a tiro em outubro por quatro polícias do GOE e um civil, quando saía de uma ação de formação de observadores eleitorais, em Xai-Xai, na província de Gaza.
Processo em segredo de justiça
Em entrevista à DW África, a procuradora chefe provincial, Emília Benedita Chirindza, apesar de não se pronunciar sobre a detenção, garante que o oficial da Polícia da República de Moçambique está a ser ouvido por alguns órgãos de administração da justiça.
A procuradora manifestou preocupação em relação à circulação de informações sobre a detenção do comandante do Grupo de Operações Especiais que foi suspenso, numa altura em que o processo está em segredo de justiça.
"Nenhuma informação devia estar de domínio público. É caso para questionar. O processo está a ser trabalhado por um número restrito de técnicos e de profissionais, em que momento é que essa informação foi posta nas redes sociais? É preocupante. O que podemos confirmar é que, de facto, o processo está em curso, mas não há muito que se possa dizer neste momento", disse Chirindza à DW.
Mas detenções possíveis
Para Carlos Mhula, da Liga dos Direitos Humanos em Gaza, ainda que as autoridades não confirmem a detenção, não têm como contornar o assassinato de Anastácio Matavele. "Como sociedade estamos interessados nos mandantes, porque as unidades especiais não têm poderes nem iniciativas de saírem das suas unidades militares e irem atirar seja contra quem for", disse Mhula, adiantando ser "inevitável a detenção destes dirigentes".
Mhula acredita que mais pessoas poderão vir a se ser detidas pela morte de Anastácio Matavele, que também era diretor executivo do Fórum de Organizações Não-Governamentais de Gaza (Fonga).
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Campanha eleitoral em Moçambique: Província a província
Niassa: Província lembrada em período de campanha
Em época de conquistar os eleitores a oposição lembra-se que esta província do norte é marginalizada. O potencial agrícola também é chamado nos discursos dos partidos políticos. Os eleitores dizem que basta de promessas não cumpridas e manifestam desejo de ver a província, considerada esquecida, desenvolvida.
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Cabo Delgado: Campanha em palco de ataques armados
Há mais de dois anos que esta província do norte é alvo de ataques armados organizados por homens até ao momento sem face. Caça ao voto em solo molhado de sangue e clima de terror não é com certeza a todo vapor. Mas os partidos, em áreas seguras, seguem com suas promessas. Na terra do futuro, pois alberga uma das maiores reservas de gás do mundo, os jovens exigem emprego.
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Nampula: Tragédia em comício da FRELIMO
Mais de 10 mortos e 85 feridos foi o saldo do evento de campanha da FRELIMO no estádio 25 de junho. Mesmo assim a FRELIMO e o seu candidato não interromperam a caça ao voto, num gesto de luto. Mas reagiu imediatamente, prometendo entre outras coisas o acompanhamento aos familiares das vítimas. Aguarda-se pelo apuramento das responsabilidades. Desconfia-se que aspetos de segurança tenham falhado.
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Zambézia: Ato macabro mancha caça ao voto
Nesta província a mobilização do eleitorado é grande, por isso a festa também é em grande. E é com a mesma proporção que desponta a violência eleitoral. Até ao momento o incêndio criminoso da casa da mãe do candidato da RENAMO às provinciais, Manuel de Araújo, é a maior mancha do processo na província central. A RENAMO acusa a FRELIMO de autoria, mas o partido no poder nega.
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Tete: Desenvolvimento é a tónica de campanha
Os dois principais partidos, FRELIMO e RENAMO, contam promover o desenvolvimento da província central usando os recursos que a região oferece. Já o MDM dá ênfase à saúde.
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Manica: Proximidade com o eleitor
Tal como em todo o país, as regras de afixação de cartazes eleitorais não são respeitadas nesta província central. Mas esta não é a única forma de propaganda usada pelas formações políticas, como é habitual, os candidatos vão ao encontro do eleitor com os panfletos nas mãos.
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Sofala: Ciclone Idai faz mudança climática ser prioridade
O Idai atingiu duramente a província central em meados de abril. Até hoje o país não se refez completamente das suas consequências. O evento está a ser aproveitado para conseguir votos. Os partidos estão a prometer a um eleitorado recém afetado medidas para minimizar os impactos das alterações climáticas.
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Inhambane: As ameaças de ex-guerrilheiros da RENAMO
É em época de caça ao voto que os guerrilheiros da RENAMO acantonados na base de Matokose, nesta província do sul, fazem ameaças. Justificam que estão descontentes com a sua liderança. Garantem que têm muito armamento, que deveria ter sido entregue às autoridades até o 21 de agosto. É neste contexto que os partidos vão trabalhando junto do eleitorado.
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Gaza: Campanha sob o espectro da desconfiança de fraude
A caça ao voto nesta província do sul acontece mesmo sem que o caso da disparidade de números de eleitores apresentados pelo INE e STAE tenha sido resolvido. A suspeição em relação à Gaza é grande. Neste bastião da FRELIMO, onde a oposição costuma ser alvo de violência, as ações de campanha decorrem até agora com tranquilidade.
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Maputo: Promessas ajustadas ao eleitor urbano
Redução do IVA e combate à corrupção são algumas das promessas da oposição nesta província do sul. As fraquezas do Governo da FRELIMO têm servido, até certo ponto, de armas para a RENAMO e MDM nesta campanha. Também promessas de mais emprego para uma região densamente povoada por jovens não faltam. Já a FRELIMO prefere continuar a apostar, entre outras coisas, na continuidade.
Autoria: Nádia Issufo