Burkina Faso: EX-PR Blaise Compaoré regressa ao país
7 de julho de 2022De acordo com a agência France-Presse, o antigo Presidente do país africano aterrou na base aérea militar, após oito anos de exílio na Costa do Marfim, enquanto dezenas de apoiantes o aguardavam no aeroporto civil da capital.
Blaise Compaoré governou o Burkina Faso desde a morte do ex-presidente Thomas Sankara, em 1987, até outubro de 2014, quando renunciou e se exilou na vizinha Costa do Marfim, após a agitação civil que ocorreu quando tentou rever a Constituição para continuar no poder após 27 anos.
Para evitar ser extraditado por causa de um mandado de detenção internacional emitido pelas autoridades de transição da época, o Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, naturalizou-o costa-marfinense.
Durante o histórico julgamento do assassínio de Thomas Sankara e 12 dos seus companheiros, ocorrido na capital do Burkina Faso, entre outubro de 2021 e abril de 2022, Compaoré foi considerado culpado "à revelia" e condenado a prisão perpétua.
Para o ativista Rasmané Zinaba, do Balai Citoyen, movimento da sociedade civil que contribuiu para a queda de Compaoré, o regresso "é, sem dúvida, a oportunidade para a justiça pegar no caso ou demonstrar que é uma instituição vazia, adequada para o caixote do lixo da história", declarou na sua conta na rede social Facebook.
Para outros burquinabês, o ex-presidente deve poder regressar ao país em nome da reconciliação nacional e contribuir para a luta contra o extremismo islâmico, que já causou o deslocamento interno de mais de 1,9 milhões de pessoas, segundo os últimos números do Governo burquinabê.
O Burkina Faso começou a sofrer os efeitos da violência do extremismo islâmico em abril de 2015, poucos meses após a saída de Compaoré, cujo governo mediava com os fundamentalistas o sequestro de ocidentais na região e tinha um acordo para não atacarem dentro das suas fronteiras.
Em novembro de 2021, um ataque a um posto da Polícia Nacional, que causou 53 mortes (49 polícias e quatro civis) gerou grande descontentamento social que levou a fortes protestos exigindo a renúncia do Presidente Roch Kaboré.
Meses depois, em 24 de janeiro, os militares tomaram o poder num golpe - o quarto na África Ocidental desde agosto de 2020 - e depuseram Roch Kaboré.