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Aumento dos preços dos transportes origina distúrbios em Maputo

da Silva, Romeu15 de novembro de 2012

Na capital moçambicana registaram-se nesta quinta-feira (15.11) tumultos devido ao aumento do preço dos transportes públicos. Os transportadores, por seu lado, fracionaram as rotas para compensar os cutos da atividade.

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A nova tarifa dos transportes semicoletivos de passageiros e dos transportes públicos entrou em vigor a partir desta quinta-feira (15.11), nas cidades de Maputo e Matola.

Assim, de 12 cêntimos de euro, o transporte passa a custar 18 cêntimos para os transportes públicos e 24 cêntimos de euro contra os anteriores 13 cêntimos para os transportes semicolectivos.


Por causa destes aumentos as duas cidades viveram alguns momentos de tumultos provocados por alguns munícipes que além do preço protestavam contra os encurtamentos de rotas.

Ouvida pela DW África uma utente lamenta um caso em especial: "Principalmente as senhoras que vêm do Zimpeto, porque são obrigadas a pagar por cada carga que transportam, e há ainda o problema do encurtamento de rotas."

E porque o preço subiu a população faz contas à vida, como é o caso de outro utente ouvido pela DW África: "Pelo salário que recebo e os preços praticados, acho que não vai dar certo."

Os operadores de transportes semi-coletivos de passageiros prometeram não encurtar as rotas. Mas alguns deles mostram que não vão cumprir com esta medida e explicam porque: "Isso é devido ao custo de manutenção e de combustível que não corresponde. Tentamos fazer o máximo possível."

Outro operador considera mesmo que o custo da tarifa deveria ser de dez meticais, mas está consciente de que o povo não tem dinheiro, mas diz "vamos ter de trabalhar mesmo assim".


População amedrontada

Durante três horas, quando tudo parecia que estava a correr bem, eis que nas zonas suburbanas de Maputo os cidadãos ergueram barricadas, impedindo a circulação de viaturas. Mais ainda, os estabelecimentos comerciais tiveram que encerrar.

Foi um cenário que a polícia rapidamente controlou e a circulação de viaturas foi retomada, mas apenas os privados e os transportes públicos.

Os chamados "chapas", não mais se fizeram às estradas por temerem represálias dos populares.

O município de Maputo garantiu que vai controlar os encurtamentos tal como disse o comandante da polícia municipal, António Espada: "Nós, por exemplo, a polícia municipal temos levado a cabo campanhas de sensibilização. Vamos apelar aos munícipes para que não paguem antes de chegar ao destino."

Espada quer que os utentes façam denúncias, no caso de transgressões das normas: encurtar ou desviar a rota."


Municípios justificam o aumento

Os municípios de Maputo e Matola afirmam que com aumento da tarifa pretendem atrair mais investidores na área, segundo disse João Matlombe, vereador para a área dos transportes em Maputo: "O que nós estamos a dar como exemplo agora é que temos uma empresa pública com 250 autocarros e não temos receitas suficientes para pôr os autocarros a funcionar.

Matlombe defende que a revisão da tarifa vai impulsionar o setor privado para investir no próprio setor, e acrescenta: "obviamente há mais medidas para o melhoramento de outras infraestruturas, do aumento da frota que é responsabilidade do Estado e isso vamos continuar a fazer."

Operadores discordam dos preços
Os representantes dos transportadores semicoletivos de passageiros não concordam com o atual preço. Segundo eles, o ideal seria 24 cêntimos de euros para arcar com todos os cutos de operação. João Cabral afirma:

"Nós estamos a pensar nos 15 meticais. Há quem pegue na cabeça a pensar que isso é muito. Mas se formos ver a vida de um transportador, esse valor é insignificante."

Recorde-se que em setembro de 2010 os transportadores rodoviários das cidades moçambicanas tentaram agravar o preço de viagem e a população respondeu com protestos violentos, que mereceram uma atuação também violenta da polícia, o que resultou em avultados danos materiais e mortos entre civis.

Autor: Romeu da Silva (Maputo)
Edição: Nádia Issufo/António Rocha