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Angola: Cuando Cubango tornou-se um "cemitério de projetos"

Adolfo Guerra (Menongue)
7 de janeiro de 2023

O alerta é da população do Cuando Cubango, que está preocupada com o abandono das grandes obras públicas nesta província angolana. Os cidadãos questionam o valor elevado dos projetos face à sua falta de qualidade.

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Angola öffentliche Bauarbeiten Cuando Cubango
Foto: DW

Em Angola, vários cidadãos no Cuando Cubango dizem-se preocupados com o excesso de projetos de construção paralisados. 

Em declarações à DW, Mwene Bailundo, residente em Menongue, afirma que a província é um ‘cemitério de obras'. Segundo ele, as "obras abandonadas encontram-se em bairros, alguns próximos da cidade, outros mais distantes da cidade. O Polo Universitário, por exemplo, está numa área um pouco desabitada em que muitos amigos do alheio (delinquentes) furtam e fazem deste um local para esconderijo. Pedimos ao governo que faça alguma com estas obras".

Outra grande preocupação dos populares do Cuando Cubango diz respeito ao trabalho de terraplenagem. Segundo eles, o valor do projeto não corresponde à qualidade das obras.  A primeira terraplenagem, com cerca de 30 quilómetros, custou quase 400 milhões de kwanzas (751 mil euros) e a segunda perto de 190 mil euros.

À DW, o estudante e ativista Batalhador Avô Sofredor diz não ter dúvidas que estas obras são uma "maneira que o governo encontrou para extraviar o dinheiro público". Isto porque, acrescenta, "não têm qualidade". "O entulho não se faz em época chuvosa", nota.

Angola Schulbau seit sieben Jahren gestoppt, Cuando Cubango
Obra paralisada há mais de sete anos no bairro SaúdeFoto: DW

O ativista entende que as obras inacabadas na província comprometem a vida dos cidadãos. É também uma questão de saúde, diz: "Quando passa uma viatura, produz muita poeira e aquela poeira é prejudicial para a saúde da população. O governo local deveria ser responsabilizado pelo governo central".

Por outro lado, o repórter comunitário Mwene Bailundo questiona onde estão os equipamentos entregues ao INEA – Instituto Nacional das Estradas de Angola - com vista à manutenção das vias de trânsito.

"Se aquele dinheiro que está a ser injetado no bairro Futungo e 23 de Março fosse colocado em outros projetos sociais, como postos médicos ou iluminação pública, seria uma mais valia para a nossa província", afirma.

Também o sociólogo Albino Somandalo considera que o problema das obras inacabadas tem fragilizado a província. O especialista nota que a falta de continuidade dos projetos está relacionada com a mudança do governador provincial.

"Sou obrigado a concordar quando chamam o Cuando Cubango de "cemitério de obras", porque não temos projetos de continuidade. O que se espera é que os nossos governantes tenham consciência de que quando um projeto começa tem de terminar", diz.

Albino Somandalo acredita as constantes promessas não cumpridas do partido no poder - o MPLA - podem aumentar a falta de confiança em quem governa o país. 

A DW tentou contactar o governo provincial para mais esclarecimentos, mas não obteve resposta.

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