Volkswagen deve cancelar demissões em São Bernardo
18 de novembro de 2001A Volkswagen não despedirá os três mil trabalhadores da fábrica de São Bernardo do Campo, como pretendia, segundo informações não oficiais que a agência alemã DPA obteve. Na negociação na sede da montadora, em Wolfsburg, da qual participou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, teria sido acertada a introdução da semana de quatro dias, mas com algumas modificações em relação à proposta original.
Marinho embarcou para o Brasil na noite de sexta-feira e só anunciará a resposta de Wolfsburg nesta segunda, durante a assembléia que os funcionários da Volkswagen marcaram para as primeiras horas do dia, em São Bernardo.
Das reuniões em Wolfsburg participaram o vice-presidente mundial de Recursos Humanos da VW, Peter Hartz, o presidente da Volkswagen do Brasil, Herbert Demel, assim como o sindicalista Mário Barbosa, do Conselho Mundial de Funcionários da Volkswagen.
Ainda ontem, o líder metalúrgico do ABC paulista queixava-se de que a Volks não mostrara nenhuma flexibilidade. Se na última fase das negociações no Brasil a direção da montadora se dispusera a readmitir a metade dos funcionários despedidos, em Wolfsburg os negociadores não teriam ido além disso.
Retração e dispensas - Fato é que, com a retração do mercado brasileiro e mundial, a reformulação da mais antiga unidade de produção da Volkswagen no Brasil torna-se inevitável segundo a empresa, por uma questão de sobrevivência da própria fábrica. A produção do Polo não exige mais que seis mil trabalhadores. Por outro lado, o Gol continuará sendo fabricado em São Bernardo, mas esses dois modelos não justificam um quadro de 16 mil funcionários. Em todo o Brasil a Volkswagen emprega 26 mil pessoas.
Com o desaquecimento do mercado internacional e a concorrência forçando maior competitividade, parece improvável que a Volkswagen venha a transferir a fabricação de outros modelos, como a nova versão do Polo, prevista na China, para o ABC, ou projetos que seriam realizados na unidade de São José dos Pinhais, no Paraná. A diferença de salários, importante critério de rentabilidade, é muito grande. A direção da montadora não quis comentar essas possibilidades mencionadas pelo sindicato.