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Reservas tchecos humilham vice-campeões mundiais

Marcio Weichert24 de junho de 2004

Quatro anos depois, o fracasso se repete. Seleção Alemã despede-se da Eurocopa sem nenhuma vitória e só com dois gols marcados.

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Fim da ilusãoFoto: AP

A Seleção Alemã está rebaixada ao rol das equipes meramente médias da Europa. Em Lisboa, a equipe de Rudi Völler foi derrotada por 2 a 1, na noite de quarta-feira, pelo time reserva da República Tcheca e deixou escapar sua chance de classificação às quartas-de-final da Eurocopa. É a segunda vez consecutiva que a Alemanha é eliminada do torneio na primeira fase.

Desde o fim da década de 90, o futebol alemão vem sofrendo com sua falta de competitividade internacional. Após a conquista da Eurocopa de 1996, a Seleção Alemã chegou ainda às quartas-de-final da Copa do Mundo de 1998. Desde então, à exceção de raros momentos, não há sinal do tradicional futebol tricampeão mundial e europeu.

Até hoje pergunta-se no país como seu selecionado chegou à final da Copa do Mundo de 2002, após ter se classificado na repescagem. Ninguém em sã consciência jamais considerou o vice-campeonato prova de a Alemanha possuir a segunda melhor seleção do planeta.

Vexame como em 2000

Desta vez não teve mágica, nem sorte. Apesar de só ter cinco egressos da Eurocopa de 2000, a Seleção Alemã repetiu o fracasso de então, mostrando em Portugal o mesmo desempenho decepcionante das eliminatórias e dos jogos preparatórios.

Somente na partida de estréia, os alemães mereceram elogios. Sabedor das deficiências de seu elenco, Völler armou o time na retranca, fechou a retaguarda e os jogadores mostraram garra incomum, estimulados pelo clima de rivalidade com os holandeses. O empate (1x1) teve sabor de vitória.

EM 2004 Deutschland gegen Tschechien Michael Ballack
Ballack (esq) chuta e abre o placarFoto: AP

Nas duas partidas seguintes, contra a Letônia e a República Tcheca precisava vencer. E isso só acontece quando se marca gols. Em todas duas, a Alemanha mostrou não só incompetência em atacar, quanto falta de pressa e seriedade, deixando os adversários, tecnicamente inferiores, jogarem de igual para igual. Acabou empatando a primeira e perdendo a última.

Tchecos jogaram com time reserva

Antes do jogo contra os tchecos, quem poderia contar com uma derrota? Desde que sua equipe despontou como a primeira a obter a classificação antecipada, o técnico tcheco Karel Brückner anunciou que pouparia suas principais estrelas. Foi além disso. Colocou nove reservas em campo contra a Alemanha, como quem diz: "sinal verde para vocês vencerem".

Mas, desde o apito inicial, viu-se que não haveria passeio alemão pela defesa tcheca. Apesar de nunca ter atuado junto, o time B da República Tcheca mostrou-se mais entrosado do que o alemão. Não se intimidou, enquanto os rapazes de Völler revelaram-se sem coragem para enfrentar os adversários com a bola no pé.

Quando Ballack, em sua segunda tentativa de fora da área, abriu o placar aos 19 minutos, a Seleção Alemã ganhou autoconfiança e passou a dominar o jogo. Os tchecos, por sua vez, pareciam ter caído na real de estarem jogando com alguém mais forte.

Até que, nove minutos depois, Heinz cobrou uma falta na entrada da área com perfeição: a bola sobre a barreira, no ângulo esquerdo de Kahn, sem defesa. O empate recuperou o moral da equipe tcheca.

Craque tcheco acaba com pressão alemã

EM 2004 Deutschland gegen Tschechien Oliver Kahn
Kahn não teve como impedir o gol de empateFoto: AP

No segundo tempo, Völler decidiu investir no ataque e colocou Podolski no lugar de Frings. Afinal, a Holanda já vencia a Letônia por 2 a 0 e o empate com a República Tcheca não bastaria para classificar a Alemanha. A substituição quebra um recorde na Seleção Alemã. Atacante do Colônia, Podoslki, de 18 anos, passa a ser o jogador alemão mais jovem a entrar em campo numa Eurocopa.

A Alemanha deu início a sua ofensiva e chegou a pressionar, mas a maior parte das investidas esbarrou no mesmo problema de sempre: falta de conclusão das jogadas, de pontaria e de capacidade para superar a defesa adversária. Na melhor oportunidade, Ballack chutou na trave e, na sobra, Schneider bateu em cima do goleiro Blazek.

Quis o destino que o atacante tcheco Lokvenc se contundisse. O técnico Brückner optou por substituí-lo por Baros, que havia brilhado nas partidas anteriores. O atacante do Liverpool de 22 anos acabou com o sossego dos trintões Wörns e Nowotny.

Aos 31 minutos, ganhou dos dois na corrida e bateu na saída de Kahn, que primeiro defendeu, mas cedeu rebote para o próprio Baros empurrar para o fundo da rede. De imediato notou-se o choque da Seleção Alemã, que não conseguiu mais manter seu ritmo.

"A Seleção Alemã fez no segundo tempo tudo certo, só não marcou gol. E exatamente no período de pressão tomamos o 2 a 1. Então é claro que o moral se foi. Antes de mais nada temos de digerir agora isso", resumiu Franz Beckenbauer, o Kaiser do futebol alemão.

Hora de pensar na Copa de 2006

Os olhos voltam-se agora para a preparação da Alemanha para a Copa do Mundo de 2006. Perguntado se continua no comando da seleção, Rudi Völler reagiu logo após a derrota dizendo que parte do princípio que seu contrato até 2006 será cumprido, mas lembrou que não está colado no cargo.

Skibbe und Völler
Michael Skibbe e Rudi Völler - Será que eles continuam no comando da seleção?Foto: AP

Antes da Eurocopa, a dispensa no Bayern de Munique do técnico Ottmar Hitzfeld e a saída do empresário Reiner Calmund do Bayer Leverkusen por motivos de saúde abriram caminho para uma dança das cadeiras.

Muito se falou que, em caso de fracasso em Portugal, Völler, que é ex-diretor de Esportes do Leverkusen, poderia ocupar o posto de Calmund, enquanto o bem sucedido Hitzfeld assumiria a tarefa de preparar a Seleção Alemã para o tetracampeonato mundial em casa. Quem viver, verá.