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Primeiro a estabilidade

Karl Zawadzky 23 de abril de 2003

Os dez países que entrarão para a União Européia em 2004 não vêem a hora de ingressar também na União Monetária. No entanto, é bom ir com calma, pois a adesão não acontecerá automaticamente.

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Novos membros da UE agora querem o euroFoto: AP

Nem bem secaram as assinaturas dos tratados de ingresso na União Européia e os países que dela participarão a partir de 2004, a maioria do Leste Europeu, ansiam fazer parte também da União Monetária. Isso não é apenas um direito seu, como uma das conseqüências de integrarem a comunidade. Se por ocasião da criação da União Monetária, os 15 países membros da UE podiam negar-se a adotar o euro, para os novos membros a participação é obrigatória. No entanto, a adesão não é automática e a esse respeito vigora o principio do "vamos com calma", opina Karl Zawadzky no seguinte comentário:

Uma moeda vive da confiança que se tem na sua estabilidade. É preciso conquistar tal confiança. O preponderante não é apenas a força econômica de um país, mas sim - e principalmente - a primazia que se dá à estabilidade monetária. Mas não basta proclamar esse princípio. Somente quando se pratica, por um longo período, uma política econômico-monetária voltada para a estabilidade, com credibilidade e êxito, é que se estabelece a necessária confiança nos consumidores internos e investidores, bem como nos mercados internacionais de divisas. Evidentemente, os atuais membros da União Monetária e o Banco Central Europeu, como guardião da estabilidade, não têm o mínimo interesse em incluir no seu círculo países que notoriamente descuidaram de sua política monetária.

Os Estados que participam da União Monetária devem ser semelhantes em seu desenvolvimento econômico. E isso significa bem mais do que praticar os princípios básicos da economia de mercado, a livre concorrência e o respeito à propriedade privada entre eles, uma vez que essas são condições primárias para o ingresso na União Européia, juntamente com a ordem democrática. Na União Monetária, não pode haver muita variação, entre os países membros, no que diz respeito a política de preços e juros, déficit orçamentário e montante das dívidas estatais. Do contrário, seria impraticável uma política monetária conjunta e a existência de um BCE. E sem política monetária comum, não há União Monetária.

Por essa razão, os dez novos membros terão que qualificar-se para a União Monetária, a partir de maio de 2004, quando seu ingresso entrar em vigor, o que significa cumprir os critérios de convergência. Os países bálticos terão mais facilidade em fazê-lo do que os maiores, às voltas com altos déficits em seus orçamentos. Se a Hungria, a Polônia e a República Tcheca adotassem bruscamente uma política austera, a fim de reduzir o déficit e a inflação ao nível previsto no Pacto de Estabilidade, iriam abafar o crescimento econômico, com o que mais teriam a perder do que ganhar.

Os novos membros da UE não podem e não vão perder de vista a introdução do euro. Afinal, mais do que a estabilização da democracia recente nesses países, o objetivo do ingresso na União Européia é também atingir o nível de prosperidade reinante na Europa Ocidental. Assim como antes o marco alemão, agora é o euro a moeda cobiçada. Assim como antes uma política monetária conseqüente garantiu o êxito do marco alemão, hoje o que garante o êxito do euro é o alto grau de estabilidade monetária. Os novos membros da UE querem o euro, e irão recebê-lo, mas não tão rapidamente. A maneira mais fácil e simples de ampliar a zona do euro será quando não apenas se atingir um alto grau de convergência, segundo os critérios do Pacto de Estabilidade, mas também uma real equiparação do nível de prosperidade. (ns)