1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Lucas Papademos

10 de novembro de 2011

Sem nunca ter exercido um cargo político, Lucas Papademos foi nomeado chefe do governo de transição na Grécia. Sua principal tarefa será convencer os gregos a aceitarem as duras medidas de austeridade econômica.

https://p.dw.com/p/138iE
Lucas Papademos estudou física e economia
Lucas Papademos estudou física e economiaFoto: picture-alliance/dpa

Lucas Papademos, designado para a chefia do governo de transição em Atenas, pode vir a ser o homem certo para atenuar a crise na Grécia. O ex-vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), de 64 anos, não tem nenhuma ilusão quanto à tarefa hercúlea que tem pela frente. "A Grécia está numa encruzilhada", disse Papademos pouco depois de sua nomeação, nesta quinta-feira (10/11) em Atenas.

Na pior crise por que passa a Grécia desde que entrou na zona do euro, justamente aquele considerado o arquiteto da admissão da Grécia na união monetária europeia assume agora a chefia do governo grego.

Papademos nunca exerceu algum cargo político. Durante muitos anos, ele chefiou o Banco Central da Grécia e representou o país como vice-presidente do BCE por oito anos, até 2010, quando se tornou conselheiro do demissionário primeiro-ministro George Papandreou.

Sereno e tecnocrata

Como economista, Papademos goza de reconhecimento internacional. Para muitos analistas, ele era considerado a força motriz por trás da política do Banco Central Europeu. Muitos veem no estilo sereno e "tecnocrata" de Papademos um bom pré-requisito para acabar com a disputa de meses entre os partidos em Atenas e para conduzir a Grécia até as eleições antecipadas.

Dele, os gregos esperam principalmente uma coisa: que ele ajude a economia grega a reconquistar a confiança da Europa e que assegure a permanência do país na zona do euro. Para Constantinos Michalos, presidente da Câmara de Comércio de Atenas, não existe pessoa mais apropriada para essa difícil tarefa.

"Papademos é um tecnocrata que conhece muito bem o setor financeiro não somente na Grécia, mas também em outros países da Europa", disse Michalos.

Esperança ateniense

Nascido em Atenas, ele estudou física e economia, doutorando-se nos Estados Unidos, onde ensinou na Universidade de Harvard. Em meados dos anos 1980, ele retornou à Grécia, fazendo carreira no Banco Central do país e assumindo a presidência do banco em 1994. Juntamente com o governo socialista, ele preparou a admissão da Grécia na união monetária europeia em 2001.

Papademos e então presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, em 2009
Papademos e o então presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, em 2009Foto: AP

Papademos é considerado um europeu convicto. Enquanto presidente do Banco Central da Grécia, ele contribuiu consideravelmente para que os gregos dessem adeus à dracma e fossem admitidos na zona do euro.

Por tal, ele granjeou grande respeito em seu país. Posteriormente, veio a público que a Grécia, durante anos, enviou números falsos sobre seu desenvolvimento econômico a Bruxelas.

Em 2002, Papademos assumiu a vice-presidência do BCE em Frankfurt. Sua experiência como representante de um país pobre da zona do euro deveria ajudar os novos países da Europa Oriental admitidos na UE a se prepararem para a introdução da nova moeda.

Tarefa difícil

Após oito anos, Papademos deixou a vice-presidência do BCE em 2010. Há alguns meses, o demissionário Papandreou o convidou para ser seu ministro das Finanças. Após Papademos ter recusado o convite, em junho último, o cargo foi assumido por Evangelos Venizelos.

A pergunta agora é se Papademos conseguirá quebrar a espiral de austeridade econômica forçada e recessão. Apesar de ele ter se mostrado algumas vezes flexível e ter dado a entender que não seria, necessariamente, contra o crescimento através da demanda interna, ou seja, salários mais altos, ele terá primeiro de convencer os gregos a aceitar as duras medidas de economia.

Isso não será tarefa fácil, avalia Angelos Stangos, analista do jornal ateniense Kathimerini. Segundo Stangos, a principal vantagem do novo chefe de governo grego é falar a mesma língua dos parceiros europeus da Grécia. Por outro lado, os partidos gregos foram praticamente obrigados a aceitar seu nome, diz o analista. "Esse foi o motivo da longa demora e da luta de poder antes de sua nomeação".

Autores: Iannis Papadimitriou / Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscheer