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Crise da dívida

7 de novembro de 2011

Ministros da zona do euro deixam claro que, para ganhar dinheiro, Grécia tem de economizar. Em Roma, missão da UE deverá controlar esforços italianos de austeridade econômica. França anuncia medidas para conter gastos.

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Ministros reiteram pressão sobre AtenasFoto: dapd

O cenário não poderia ser mais drástico: um primeiro-ministro grego que primeiro anuncia um referendo sobre o pacote de resgate; desiste então da ideia cedendo à pressão internacional para, finalmente, abdicar do poder em prol de um governo de união nacional. Esse foi o contexto que acompanhou mais uma reunião de ministros de Finanças da zona do euro, nesta segunda-feira (07/11) em Bruxelas.

No entanto, mesmo antes do início da reunião do Eurogrupo, já estava claro que os gregos ainda terão de esperar pela tão necessária parcela de 8 bilhões de euros do plano de resgate da Grécia.

Os ministros da zona do euro querem um sinal claro de austeridade econômica por parte de Atenas. "O pagamento depende das respostas do governo grego", disse o presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, pouco antes do início da reunião em Bruxelas. Durante o encontro, os ministros fizeram pressão para que um governo de união nacional realmente venha a se concretizar na Grécia.

Temores europeus

Os países da moeda comum europeia exigem que os gregos implantem as medidas aprovadas na cúpula dos líderes europeus em 27 de outubro. Na ocasião, os países da zona do euro aprovaram um corte parcial da dívida da Grécia e um novo pacote de resgate no valor de 100 bilhões de euros.

Em contrapartida, a Grécia deve implantar medidas de austeridade econômica e outorgar uma lei que possibilite sua implementação. Em Bruxelas, o ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, tentou espalhar otimismo e confiança.

"Após uma semana agitada, temos agora uma nova situação política na Grécia. Nós alcançamos um novo governo de união e responsabilidade nacionais. Essa é a prova do nosso compromisso e da nossa capacidade nacional de implantar o programa e reconstruir nosso país", disse o ministro grego.

Apesar de a oposição conservadora grega ter declarado apoio às reformas, muitos na zona do euro temem que as decisões sobre a Grécia na cúpula de outubro tenham sido em vão, o que explica o puxão de orelha político proferido pelo presidente do Eurogrupo. "Eu presumo que o novo governo deixará rapidamente claro que aquilo que foi decidido em Bruxelas em 26 e 27 de outubro deverá ser retomado nos mínimos detalhes pelo novo governo", disse Juncker.

EU Euro Finanzministertreffen in Brüssel
Ministros Schäuble e Venizelos, em BruxelasFoto: dapd

Imbróglio italiano

Além da Grécia, nesta segunda-feira também a Itália voltou ao centro dos debates em torno da crise da dívida. Enquanto um sucessor para George Papandreou na chefia de um governo de união nacional era procurado em Atenas, o próprio primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, desmentia em Roma boatos de que se afastaria do poder.

No entanto, os sinais de um possível fim do governo conservador de Silvio Berlusconi estão cada vez mais fortes. Há dias que correligionários do premiê – ora de forma oficial, ora através de notícias da mídia – colocam-se do lado dos partidos de oposição.

"Um governo de maioria não existe mais", disse neste fim de semana o ministro do Interior italiano, Roberto Maroni, do partido populista Liga Norte. Maroni aumenta assim o coro de vozes que pedem o afastamento de Berlusconi. No entanto, os parceiros de coalizão de Berlusconi no norte italiano rejeitam a ideia de um governo de transição, uma ideia rechaçada também pelo próprio Berlusconi – seguindo o lema "ou eu ou novas eleições."

Roma sob pressão

No entanto, um pleito custoso e demorado é tudo o que a Itália não precisa no momento. Após Berlusconi ter falhado em apresentar medidas concretas no encontro do G20 em Cannes, Roma teve de aceitar um controle financeiro por parte do Fundo Monetário Internacional (FMI). E apesar da aprovação de dois drásticos pacotes de austeridade econômica, os italianos ainda não conseguiram acalmar os mercados financeiros e o país está imerso em dívidas.

Durante o encontro em Bruxelas, o Eurogrupo discutiu um melhor controle dos países da zona do euro. Principalmente a Itália será mais bem controlada no futuro. Já na próxima semana, um grupo de especialistas da Comissão Europeia deverá chegar a Roma para controlar os esforços de austeridade econômica.

Fillon anuncia medidas de economia
Fillon anuncia medidas de economiaFoto: dapd

Austeridade à francesa

Enquanto isso, em Paris, diante do fraco crescimento econômico e da ameaça de rebaixamento de sua notação de crédito AAA, o governo francês amplia de forma drástica seu pacote de austeridade econômica.

O primeiro-ministro francês, François Fillon, anunciou nesta segunda-feira um extenso leque de medidas, entre elas o aumento do imposto sobre o consumo de serviços e produtos, como restaurantes, que subirá de 5,5% para 7%. Além disso, haverá cortes nas despesas estatais e no sistema de seguridade social.

Assim, a elevação da idade mínima de aposentadoria para 62 anos, que passaria a valer a partir de 2018, deverá ser antecipada em um ano. Segundo dados de Fillon, para atingir um equilíbrio orçamentário, os franceses terão de economizar 100 bilhões de euros até 2016.

Os socialistas acusam o governo conservador de Nicolas Sarkozy de desmantelar o sistema de seguridade social no país. Segundo o porta-voz do Partido Socialista, Benoit Harnon, o recado do governo seria: "A França está quebrada, então sacrifiquemos os interesses dos franceses".

Autor: Christoph Hasselbach / Carlos Albuquerque
Revisão: Roselaine Wandscheer