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Competências e êxitos do G8

Richard A. Fuchs (rw)23 de maio de 2007

A cada encontro de cúpula do G8 são delineadas metas, seja para a estabilização dos mercados financeiros, o combate à aids ou medidas de proteção climática. Algumas vezes, estas metas são cumpridas.

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De que servem as negociações do G8?Foto: AP

Em junho de 1989, Michael Gorbachov, o último presidente da União Soviética, redigiu uma carta na qual anunciava a ambição de seu país de se integrar à economia mundial. Esta carta não foi enviada às Nações Unidas, nem ao Banco Mundial, mas sim aos chefes de Estado e de governo das sete principais nações industrializadas, o G7, que justamente se reuniam em um encontro de cúpula em Paris.

Logo foram idealizados pacotes financeiros de milhões de dólares e prometeu-se que também a Rússia poderia tornar-se membro do clube. A transformação surpreendentemente pacífica da Rússia em economia livre de mercado e mais democracia certamente não é justificável só com o apoio do G7, mas sem ele também não teria acontecido.

Idealizador global

Bildungschancen in der globalisierten Welt Schüler in Togo
Há vários anos pauta do G8: perdão da dívida africanaFoto: dpa

Exatamente 18 anos mais tarde, a Rússia e seu presidente Vladimir Putin estão sentados à mesa do G8 como parceiros conscientes do papel que desempenham. Hoje, a transformação da Rússia não consta mais da pauta, e sim os principais problemas do comércio mundial, questões globais de segurança energética e mudanças climáticas, a luta contra a aids e o perdão da dívida dos países mais pobres do mundo.

O G8 deve ser, na opinião de Bush, Merkel, Blair e Cia. um gerador de idéias da comunidade internacional; um pequeno grupo de pessoas de confiança, que impele as organizações internacionais e faz projetos funcionar. Como os diplomatas do G8 não se cansam de afirmar, os planos podem então ser postos em prática pelo Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional ou pelas Nações Unidas.

Para os críticos, isto não basta. Eles argumentam que, afinal, o grupo é formado pelos responsáveis por dois terços do PIB do mundo – por isso é indispensável que deliberem mais do que apenas vagas declarações de intenção. Na realidade, o balanço do G7/G8 em seus 32 anos de existência até que não é tão ruim quanto sua imagem.

Kyoto em Houston

Fortschreitende Wüstenbildung Dürre in Indien
Aquecimento global e gases-estufa são tema desde 1979Foto: dpa

Desta forma, o Protocolo de Kyoto hoje poderia ter o nome Protocolo de Houston. Embora a convenção das Nações Unidas pela limitação das emissões de gases-estufa tenha sido assinada em 1997 na japonesa Kyoto, seus fundamentos haviam sido estabelecidos numa cúpula do G7 em 1990 em Houston, no Texas.

Na época, foi combinado que os membros do G7 não continuariam denunciando publicamente o principal país poluidor, os EUA. Em contrapartida, o presidente norte-americano George Bush sênior prometeu participar da cúpula mundial de 1992 no Rio de Janeiro. Lá, foram lançados os fundamentos do Protocolo de Kyoto. Para John Kirton, do grupo de pesquisas do G8 na Universidade de Toronto, este grande êxito não teria sido possível sem a participação dos Estados Unidos. Já desde 1979 o clube informal dos chefes de Estado e de governo discute a redução dos gases do efeito estufa.

Fundo para combater doenças

Mücke
Luta contra a malária é objetivo do fundo globalFoto: dpa

Apesar da grande burocracia no "clube dos oito", também no combate a doenças contagiosas foram atingidas algumas metas. Em 2002, foi criado um fundo global para a saúde, no qual foi disponibilizado 1,4 bilhão de dólares para o combate à malária, à aids e à tuberculose.

Novecentos milhões já foram aplicados em projetos na África, disse Richard Feachem, diretor do fundo. Um novo modelo de financiamento do fundo prevê ajuda da economia privada. Críticos, como a organização Médicos Sem Fronteiras, consideram o fundo um "álibi inútil" e reivindicam em seu lugar o afrouxamento das patentes de medicamentos.

O pesquisador Kirton, por seu lado, adverte: apesar de tantas deficiências, o G8 continua sendo de longe o "maior arrecadador de doações do nosso tempo". E isso somente funciona porque no pequeno círculo dos oito chefes de Estado e de governo pôde ser estabelecida uma verdadeira relação de confiança.

"Alguns membros do G8 não confiam mais nas grandes organizações internacionaios", disse Kirton. "E isso também significa que eles não pretendem mais gastar com elas o dinheiro do contribuinte."

Temas e competências

DAX - Deutscher Aktienindex, Börse in Frankfurt am Main
Mercados financeiros estáveis e transparentes, uma das prioridades do G8Foto: AP

Muitas vezes o problema nem é dinheiro. Há áreas em que o G7/G8 é a única plataforma para problemas mundiais. "Um dos principais temas para nações emergentes como a China e a Índia são investimentos privados, mercados transparentes e câmbios estáveis", explica Kirton, "mas não existe uma organização mundial que se sinta responsável por isso."

Esta situação não é nova. Também em 1975, quando a França e a Alemanha convidaram pela primeira vez para o "café-com-bolo da economia mundial", os mercados financeiros não eram nem transparentes nem estáveis − eles acabavam de passar pela crise do petróleo de 1973 e pela derrocada do Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional.

Na época, havia razões suficientes para impor reformas radicais nos mercados financeiros globais, mas a comunidade internacional não chegou a um consenso. Restou a segunda opção: conversas informais do clube das nações líderes industrializadas.

Estas funcionam até hoje − mas ninguém está plenamente satisfeito. Também a chanceler federal alemã, Angela Merkel, deixou clara sua expectativa em relação aos empenhos do G8 pela estabilização dos mercados financeiros: "Deixem-me dizer claramente: neste campo ainda há muito a ser melhorado".