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Grandes desafios em 2007

(av)1 de janeiro de 2007

Berlim impôs-se metas ambiciosas no próximo ano. À frente de dois blocos importantes pretende atacar problemas prementes que vão da proteção do clima e energia à Constituição da UE e globalização.

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Premiê alemã Angela MerkelFoto: picture-alliance/ dpa

Com um apelo em prol da união, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, anunciou o mandato de seu país à frente da União Européia. "Somente uma Europa unida poderá encarar os desafios da globalização – ou seja, do comércio mundial –, assim como da violência, terrorismo e guerra", enfatizou em sua mensagem de Ano Novo à nação. "Uma Europa dividida está fadada ao fracasso".

Teste de habilidades diplomáticas

Não são poucos os desafios diante da maior potência econômica e país mais populoso da Europa no ano de 2007. Pois além de presidir durante seis meses o Conselho da União Européia, a Alemanha assume por um ano a presidência do G8, que reúne as sete principais nações industriais e a Rússia.

Berlim estabeleceu metas ambiciosas, e alcançá-las será um teste para as habilidades diplomáticas de Merkel, cuja política externa conquistou aprovação ampla, desde que ela assumiu o governo em novembro de 2005.

Em sua mensagem à população, a premiê lembrou que a dupla presidência será uma oportunidade única de configurar o futuro da Europa num mundo globalizado. A retomada do processo por uma constituição européia ocupa lugar central em seu programa para a presidência rotativa da UE.

A esquecida paz no Oriente Médio

Merkel e o ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, desejam marcar, já para janeiro, uma reunião com o fim de "revitalizar" o chamado "quarteto do Oriente Médio", composto pela UE, os Estados Unidos, a ONU e a Rússia. Seu intento é dar nova partida para negociações de paz entre israelenses e palestinos.

Na primeira semana de 2007, a premiê visitará o presidente norte-americano, George W. Bush, em Washington. Vozes críticas na Europa comentam que aquele país negligenciou o processo de paz no Oriente Médio, à medida que concentrou suas atenções no Iraque.

Segundo Steinmeier, a meta é que o quarteto venha a exercer uma uma influência "estabilizadora" na região e que encoraje conversações preliminares entre o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o líder palestino Mahmud Abbas.

Constituição polêmica

O tópico mais premente do mandato alemão á frente da UE é a retomada dos debates sobre uma Lei Fundamental européia, especialmente com o ingresso da Bulgária e da Romênia e conseqüente ampliação do número de países-membros para 27.

Entretanto Merkel alertou contra expectativas excessivas em relação a seu período na presidência rotativa, sucedendo a Finlândia. Segundo a chefe de governo, um semestre talvez não baste para ressuscitar um processo que esteve congelado por mais de 18 meses.

Foi justamente a rápida expansão do bloco que suscitou, em 2004, o esboço de uma Constituição, com 200 páginas, com a finalidade de agilizar os processos de decisão e dar um maior peso internacional à UE. A rejeição da Constituição pelos eleitores franceses e holandeses, em 2005, não só prejudicou a imagem do projeto, como fez esquecer que ele fora ratificado por 18 outros países.

A Alemanha prometeu apresentar um roadmap, recolocando a Lei Fundamental européia na ordem do dia. "Nossa meta é, ao fim do mandato, apresentar um plano específico, com um cronograma e os contornos de uma solução", revelou Steinmeier neste sábado ao periódico Bild.

Clima e energia

No contexto de ambas as presidências, a segurança energética e a proteção do clima terão papel central.

A UE pretende forjar uma posição comum para negociar o acordo sucessor do Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. Berlim insistirá para que o bloco se comprometa a reduzir e emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa em 30%, até 2020. A Alemanha quer ainda incluir países não pertencentes ao G8 – como Brasil, África do Sul, China, Índia e México – nos encontros relativos ao clima.

No tocante à energia, Merkel acredita que a Europa reforçaria sua posição caso negociasse, como bloco, com os grandes fornecedores, como por exemplo, a Rússia. "A Europa tem que reduzir sua dependência energética, de forma a assegurar o suprimento a longo prazo", escreveu a premiê ao jornal Handelsblatt.

Cúpula global em Heiligendamm

Um ponto alto da presidência alemã do G8 será o encontro de cúpula na localidade de Heiligendamm, no Mar Báltico, do qual participarão representantes do Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.

"A finalidade é identificar desequilíbrios e determinar o que pode ser feito para assegurar maior crescimento global equilibrado", revelou Bernd Pfaffenbach, um assessor de Angela Merkel. Ele acrescentou que o tema do encontro será promover "prosperidade global".

Alguns dos pontos de desequilíbrio que travam o impulso econômico mundial são conhecidos: o déficit da balança comercial nos EUA, as enormes reservas de moeda estrangeira retidas pela China, os freios ao crescimento na Europa, assim como os obstáculos a lucros econômicos mais rápidos na África.

Merkel planeja forjar uma "parceria privilegiada" entre o G8 e os governos africanos comprometidos em erradicar a corrupção e reforçar as reformas democráticas. A Alemanha também pressionará por maior transparência e monitoração política dos hedge funds especulativos (um tipo de fundo não harmonizado), cada vez mais considerados fonte de instabilidade das finanças globais. Aqui, a Alemanha conta com o apoio dos EUA, que durante anos se opôs a uma supervisão ostensiva dos mercados financeiros.