O "Dia D" para o futuro da Alemanha
5 de outubro de 2005Sorridentes, Angela Merkel (CDU/CSU) e Gerhard Schröder (SPD) saíram da reunião a portas fechadas que tiveram com líderes de seus partidos, nesta quarta-feira (05/10), e demonstraram otimismo sobre a possibilidade da formação da "grande coalizão" para governar a Alemanha. Se concretizada, a aliança colocará fim ao impasse que se instalou no país desde 18 de setembro, quando o resultado das urnas não deu a maioria nem aos democrata-cristãos nem aos social-democratas.
Neste cenário, esta quinta-feira (06/10) promete ser um dia decisivo para o futuro político alemão. Uma reunião entre Merkel, Schröder e outros dois expoentes da política do país – Franz Müntefering, do SPD, e Edmund Stoiber, da CSU – deve finalmente dar resposta à questão que domina o debate político, a mídia e as conversas de carredor na Alemanha: afinal, quem será chanceler federal: Merkel ou Schröder?
(Quase) tudo é possível
As hipóteses levantadas para o impasse criado pelas eleições alemãs foram tantas – entre elas, a de que o atual chanceler federal permaneceria mais um ano no poder, cedendo o cargo para a coalizão de apoio a Merkel em 2006 – que fica difícil prever qual será a solução encontrada pela reunião dos partidos.
Embora Gerhard Schröder tenha adotado um dicurso mais brando nos últimos dias, ele ainda não desistiu – ao menos oficialmente – da idéia de chefiar o governo alemão. Merkel, por seu turno, também não está disposta a aceitar qualquer solução que não lhe garanta a Chancelaria.
O resultado apertado da eleição alemã – a aliança CDU/CSU conseguiu apenas quatro cadeiras a mais do que o SPD no Parlamaneto do país – deu margem à queda de braço. Como as pesquisas haviam dado ampla vantagem à coalizão de Angela Merkel, o chanceler federal Schröder cantou vitória mesmo tendo tido 1% a menos de votos.
Como ambos os partidos ficaram longe da maioria no Bundestag – 50%, mais um mandato –, a confusão se instalou e a união entre os pólos opostos passou ser a única solução viável para a Alemanha.
"Namoro proibido"
Ambos os lados, porém, tentaram impedir a formação da "grande coalizão". Ainda nesta semana, a aliança CDU/CSU tentou reiniciar conversas com o Partido Liberal (FDP), seu aliado de primeira hora, para formar um acordo com o Partido Verde. A união política, apelidada de Jamaica – em alusão às cores dos partidos: negro (CDU/CSU), amarelo (FDP) e verde –, acabou não acontecendo devido às grandes diferenças ideológicas entre verdes e liberais.
O SPD, por seu turno, tentou flertar com os liberais, sem sucesso. Os social-democratas chegaram a cogitar uma união com o Partido de Esquerda (o ex-PDS do Leste alemão), mas a possibilidade também acabou sendo descartada.
Fim do temporal?
Após a reunião desta quarta-feira, a nuvem negra que pairava sobre o relacionamento de Merkel e Schröder parece ter se dissipado. "Concordamos que haverá uma discussão de lideranças para reduzir as diferenças pessoais que permanecem, a maneira como o governo irá funcionar e outros assuntos importantes", disse a candidata da CDU-CSU, mostrando-se otimista quanto ao fim do impasse. Gerhard Schröder, por sua vez, disse que "a base para uma grande coalizão" está sedimentada.
Uma pesquisa de opinião do Instituto Forsa apontou que a maioria dos alemães prefere que Angela Merkel seja elevada à condição de chanceler federal: 34% dos entrevistados escolheram a candidata democrata-cristã, enquanto 26% preferem a manutenção do líder social-democrata. Entretanto, é preciso lembrar que os institutos de pesquisa, que erraram feio na previsão dos resultados da eleição realizada há três semanas, estão com a imagem para lá de arranhada na Alemanha.
No momento, a única previsão que funciona na Alemanha é a do tempo. A quinta-feira, segundo o Yahoo Weather, será um dia de sol, com temperatura máxima de 21 graus em Berlim.