Leste Europeu atrai empresas alemãs de médio porte
10 de dezembro de 2004Transformar-se numa empresa selada de global player, com presença marcada nos quatro cantos do planeta. O que um dia foi apenas o sonho de pequenos e médios empresários alemães vem se tornando com freqüência realidade. A ampliação da União Européia foi, neste sentido, um grande passo. O que há alguns anos era considerado um comportamento exótico e arriscado – investir fora do país – se torna cada vez mais comum.
Mão-de-obra barata
Além da China e da Índia, o Leste Europeu é um dos principais destinos das empresas alemãs. Registrando um crescimento econômico bem acima daquele da Europa Ocidental, estes países, que em parte já pertencem à UE, dispõem de uma mão-de-obra relativamente barata, se comparada à dos “velhos” membros do bloco.
“Há bastante procura de empresas de médio porte que têm interesse em investir no exterior. A maioria acredita poder conquistar novos mercados e compensar, desta forma, as oscilações do mercado interno alemão”, diz o parlamentar verde Rezzo Schlauch, encarregado do governo para questões ligadas a empresas de médio porte.
As Câmaras de Artes e Ofícios (Handwerkskammern) do país prevêem que, dentro de poucos anos, 20% da mão-de-obra ativa no setor de ofícios manuais deverá fincar um pé fora do país. Hoje, apenas 2% da categoria tem contatos com o exterior.
Um grande bazar
Rezam as más línguas que a Alemanha vem se transformando aos poucos numa “economia de bazar” – onde são vendidos produtos das mais variadas procedências, exceto do próprio país. No entanto, a transferência da produção para fora se dá muitas vezes em função dos mercados consumidores existentes em outras regiões e não necessariamente visando apenas a redução de custos.
Outra questão polêmica no país é a suspeita de que tamanha transferência de produção possa extinguir empregos dentro do país. O especialista Schlauch contesta: “Uma pesquisa realizada com 750 empresas alemãs de médio porte mostrou que mais de 90% das que mantêm atividades no exterior, se não tivessem feito essa opção, já teriam reduzidos o número de empregados dentro do país. Isto sem falar da criação de novos postos de trabalho”.
Barreiras culturais e outros problemas
No entanto, cautela continua sendo a máxima, em se tratando de investir em terrenos ainda desconhecidos. Com freqüência falta a essas empresas know-how técnico e recursos humanos para se dar bem fora do país. As dificuldades, que não são poucas, vão de barreiras culturais a problemas de ordem jurídica.
Principalmente na Ásia, há um enorme volume de produtos alemães falsificados. “É claro que há riscos, mas colocando estes e as chances de sucesso na balança, elas ganham de longe. Caso contrário, o interesse pelos investimentos no exterior não seriam tão grande quanto é”, resume Schlauch.