Le Pen permanece perigoso apesar da derrota
6 de maio de 2002O governo israelense se declarou aliviado, mas muito preocupado com o fato de 18% dos eleitores franceses terem votado no candidato racista e xenófobo. Quase seis milhões de pessoas votaram no ultradireitista e na sua Frente Nacional, mesmo depois da mobilização sem precedente das esquerdas comunista, socialista e verde para a reeleição do presidente de direita, a fim de evitar o mal maior chamado Le Pen.
O Ministro do Exterior da Alemanha, Joschka Fischer, do Partido Verde, disse que os franceses rejeitaram a xenofobia e o radicalismo de direita, de forma impressionante. O chefe de governo alemão, Gerhard Schröder, escreveu em suas congratulações ao presidente reeleito que a política de demagogia, de desprezo pelos valores comuns europeus e pela rejeição da unidade européia não é um modelo para o Velho Continente.
O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, viu o resultado da eleição presidencial francesa como "uma vitória da democracia e a derrota do extremismo". O presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, elogiou os eleitores franceses por terem colocado o líder da Frente Nacional no seu devido lugar.
O primeiro-ministro da Noruega, o conservador Kjell Magne Bondevik, esclareceu que a grande quantidade de votos dados a Le Pen mostra que se tem de levar a sério a atração que políticas xenófobas de imigração geram nos cidadãos.
O chanceler federal da Áustria, Wolfgang Schüssel, apelou para os políticos levarem a sério a mensagem dos eleitores franceses. Para ele, o resultado da eleição presidencial francesa mostra "um desejo de mudança" e representa uma advertência para se fortalecer o centro político e não os extremos. Schüssel é vice-presidente do Partido Popular Austríaco, que forma uma coalizão de governo com o Partido da Liberdade, do radical de direita Jörg Haider.
Perigo a vista
– Baseado no desempenho eleitoral de Le Pen na eleição presidencial, Eric Iorio, da Frente Nacional, calcula que a legenda vai eleger 20 deputados na eleição da nova Assembléia Nacional, na primeira quinzena do mês que vem. Até agora a extrema-direita não tem nenhum. "Nós seremos o pior pesadelo para Chirac", disse Iorio, analista eleitoral da Frente Nacional.Ele sabe que o que Chirac mais teme é uma maioria parlamentar de esquerda, que poderá surgir no próximo pleito, se a direita permanecer dividida. Neste caso iria de águas abaixo a estratégia do presidente para a direita conquistar maioria absoluta na Assembléia Nacional e, em conseqüência, acabar com a co-habitação (presidente de uma tendência política e primeiro-ministro de outra), como foi até a renúncia do premier socialista Lionel Jospin, nesta segunda-feira (6).