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Jogos Olímpicos na imprensa alemã: dia 15

Philip Verminnen20 de agosto de 2016

Jornais e sites da Alemanha destacam contraste entre os Jogos e a pobreza do Rio, a prisão do irlandês Patrick Hickey, a ausência de Temer da cerimônia de encerramento e uma entrevista com o ginasta Fabian Hambüchen.

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Moradores de favela olham para o Maracanã durante a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
Foto: Getty Images/AFP/A. Isakovic

A imprensa da Alemanha destacou neste sábado (20/08), 15º dia dos Jogos Olímpicos, o contraste entre a Olimpíada e a pobreza do Rio, o "verdadeiro coração do movimento olímpico", uma entrevista com o ginasta Fabian Hambüchen e a ausência do presidente interino Michel Temer na cerimônia de encerramento.

Die Welt: Bem-vindos ao mundo imaginário dos Jogos

"O Rio de Janeiro celebra uma estridente festa para o público mundial. Mas isso é apenas a fachada. Pessoas desfavorecidas e moradores das favelas não são bem-vindos.

Na Barra da Tijuca, helicópteros e tiros não são ouvidos. Música em volume alto invade o Parque Olímpico e, espalhados pelo complexo, voluntários com roupas coloridas berram num megafone coisas como: 'Bom dia! Bem-vindos ao Rio. Hoje celebraremos uma festa!'. Todo mundo quer jogos felizes, também o Rio.

Os organizadores se esforçaram muito para transformar esse 'Moloch' no sudeste do Brasil numa simpática festa, ao menos por 17 dias. Para os Jogos, o Rio de Janeiro vestiu um vestido de gala, mas o zíper não fechou. Isso porque, é claro, existem as favelas, que crescem como úlceras na cidade.

Quem quiser ir às arenas olímpicas, necessariamente precisa passar por elas. E há também os soldados. Em cada intersecção, munidos com metralhadoras. No total, 88 mil forças de segurança estão em ação. Oficialmente no combate ao terrorismo, entendido num sentido bem amplo por aqui. Tiroteios entre a polícia e traficantes são corriqueiros. E geralmente são os inocentes que morrem."

Süddeutsche Zeitung: Há algo de bom em o Rio não cumprir os requisitos

"O Rio vivenciou um processo interessante. Na metrópole onde as pessoas têm outros problemas do que contribuir para a imagem asséptica de um show esportivo, os organizadores não conseguiram sequer encher as arenas. E o maior desinteresse prevaleceu nos atletas de amanhã: o Comitê Rio 2016 entregou 280 mil bilhetes gratuitos a escolares – nem a metade foi usada.

Metade dos voluntários também sumiu. Com isso, o programa de controle de doping, o parâmetro oficial para determinar a pureza dos Jogos, sofreu danos. E todos os pequenos e grandes delitos em torno dos Jogos, verdadeiros ou inventados? O COI contribuiu com seu próprio capítulo: um membro do conselho, o irlandês Patrick Hickey, está sob custódia da polícia.

Há algo de bom em o Rio de Janeiro não ter cumprido a exigência de colocar de pé uma das maiores ilusões dos tempos modernos [os Jogos Olímpicos]. Isso permitiu ao mundo ver o verdadeiro coração do movimento [olímpico]."

Spiegel Online: Hickey é levado para a cadeia

"Detido, interrogado e agora na prisão: o membro do COI Patrick Hickey é suspeito de estar envolvido num esquema de venda ilegal de ingressos. Caso a suspeita se confirme, ele deve ficar alguns anos preso no Brasil. As autoridades comunicaram que ele foi levado ao Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio."

Die Welt: Rio 2016 no "limite do aceitável"

"O ginasta Fabian Hambüchen, recém-coroado campeão olímpico na barra fixa, classificou os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 'no limite do aceitável'. Especialmente a atmosfera na arena o incomodou. 'Organização, transporte, saneamento, habitação – às vezes estava no limite do aceitável, mas você não pode comparar com padrões europeus. O espírito olímpico era perceptível por todos os lados. Eu não quero ficar falando mal, os Jogos Olímpicos são sempre algo maravilhoso e aqui também foi assim.'

Acima de tudo, o clima durante as suas competições incomodou o ginasta de 28 anos. 'A atmosfera na arena nunca foi ruim, de jeito nenhum, mas muito parcial para o Brasil. Quando era a vez dos atletas locais, tudo ia bem, nos outros nem tanto. Tive experiências bem diferentes em Londres ou Pequim.'

Ao todo, ele participou de quatro Jogos Olímpicos. 'Se eu avaliar a atmosfera [nas arenas] e as condições, o Rio está em quarto lugar', disse Hambüchen, que além do ouro na Rio 2016 conquistou a prata em Londres 2012 e o bronze em Pequim 2008."

Süddeutsche Zeitung: Presidente brasileiro se esquiva

"O que fica para o Rio de Janeiro destes Jogos? Principalmente um caixa vazio e a dúvida de quem deve pagar pelos Jogos Paralímpicos. É lógico, portanto, que o presidente interino Michel Temer não marque presença na cerimônia de encerramento.

O mais alto representante do Estado faz de tudo para não ser visto. Basicamente, Temer já não esteve realmente presente na cerimônia de abertura. Se não tivesse sido vaiado, a sua breve saudação provavelmente nem teria sido notada.

Estes Jogos do Rio ocorreram no contexto de uma tragicomédia política sem precedentes: num país onde a presidente eleita Dilma Rousseff ainda não foi afastada em definitivo e o presidente interino Temer não está sacramentado no poder. O advogado de 75 anos é tão impopular quanto a mulher que ele tenta tirar do cargo num procedimento duvidoso."