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Trabalho e imigração

16 de setembro de 2007

Proposta européia de atrair mão-de-obra qualificada do exterior gera divergências entre políticos e empresários alemães.

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Produção de turbinas industriais requer trabalhadores especializados, em falta na AlemanhaFoto: picture-alliance/dpa

Os políticos da coalizão de governo da Alemanha rejeitaram a idéia de criar um Blue Card, ou seja, uma autorização de trabalho temporária para mão-de-obra estrangeira qualificada na União Européia, uma proposta inspirada no Green Card norte-americano. A idéia do comissário de Justiça da UE, Franco Frattini, conta com a resistência de políticos social-democratas e democrata-cristãos na Alemanha, mas não deixa de entusiasmar os empresários e industriais locais.

Mão-de-obra especializada dez vezes menor que nos EUA

A fim de combater a escassez da mão-de-obra especializada no mercado de trabalho europeu, Frattini sugere que a comunidade crie um Blue Card, inspirado na bandeira européia, azul com um círculo de estrelas. A proposta, a ser apresentada no dia 23 de outubro próximo, prevê que trabalhadores estrangeiros qualificados adquiram permissão para permanecer na comunidade durante dois anos. A autorização seria renovável. Sob certas condições, o trabalhador estrangeiro também poderia mudar posteriormente para um outro país da União Européia, segundo a proposta.

De acordo com a Comissão Européia, apenas 5% dos imigrantes que residem na UE podem ser considerados mão-de-obra especializada. Nos Estados Unidos, essa cota é de 55%, ou seja, mais de dez vezes maior que na UE. A proposta de Frattini ainda deverá passar pelo crivo dos países-membros.

Alemanha depende de mão-de-obra de fora

A Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK) considera a iniciativa positiva, em princípio, pois seria uma chance de promover um debate europeu sobre imigração motivada pelo mercado de trabalho. A DIHK argumentou que, diante do envelhecimento da população e da crescente falta de mão-de-obra especializada, a Alemanha depende de uma maior abertura do mercado de trabalho.

A atual regulamentação alemã exige que o trabalhador interessado em imigrar ganhe pelo menos 85 mil e 500 euros por ano. A DIHK alerta que isso dificulta sobretudo a imigração de pequenos e médios empresários, por maior que seja seu interesse pela Alemanha.

Políticos do governo temem onda de imigração

No entanto, políticos da coalizão de governo democrata-cristã e social-democrata temem mais imigrantes no país. O ministro da Economia, Michael Glos, declarou que "a Alemanha não pode permitir a entrada de uma massa de trabalhadores estrangeiros só porque está precisando de mão-de-obra agora".

O secretário do Interior da Baviera, Günther Beckstein, da União Social Cristã (CSU), é contra "uma nova onda de imigração", sobretudo porque os atuais problemas de integração ainda estariam longe de ser resolvidos.

O ministro do Trabalho, Franz Müntefering, considera impertinente a proposta de Frattini, pois este tipo de decisão não caberia à pasta do Interior. Ele sugere para início de dezembro um encontro comum de ministros europeus do Trabalho e de questões sociais com os ministros do Interior. Para o político social-democrata, a Comissão Européia deveria deixar a decisão a critério dos países-membros.

O Partido Verde alemão acusou os políticos do governo de praticar uma política restritiva de imigração em detrimento da especialização do mercado de trabalho europeu. (sm)