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Fatah e Hamas assinam acordo de reconciliação

12 de outubro de 2017

Hamas aceita devolver à Autoridade Nacional Palestina, do presidente Mahmoud Abbas, o controle sobre a Faixa de Gaza, colocando fim a dez anos de hostilidades. Negociações se voltam agora para governo de unidade.

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Representantes do Fatah e do Hamas assinam em Cairo acordo de reconciliação
Representantes do Fatah e do Hamas assinam em Cairo acordo de reconciliaçãoFoto: Getty Images/AFP/K. Desouki

Após uma década de hostilidades, um acordo de reconciliação mediado pelo Egito foi assinado nesta quinta-feira (12/10) por representantes dos movimentos palestinos rivais Fatah e Hamas, devolvendo à Autoridade Nacional Palestina (ANP) o controle administrativo sobre a Faixa de Gaza.

Leia mais: Da Guerra dos Seis Dias à ocupação israelense

O representante do Fatah, Azzam al-Ahmed, e o líder do Hamas, Saleh al-Arouri, afirmaram que o primeiro passo será reforçar o governo da ANP, com base na Cisjordânia, que deverá retomar o controle total sobre a Faixa de Gaza até o dia 1º de dezembro.

Mahmoud Abbas, presidente da ANP, disse que este foi um "acordo final para pôr fim às divisões" entre as duas partes. Restam, porém, muitos detalhes a serem resolvidos.

"O foco das negociações estava em impulsionar o governo de consenso nacional para que trabalhe com todas as suas competências, tanto na Cisjordânia [governada pelo Fatah] como em Gaza", disse Saleh al-Arouri. Azzam al-Ahmed afirmou ter sido alcançado um "acordo completo" para que um governo de unidade nacional assuma sua autoridade na região.

Fim das sanções

O Hamas, vencedor das eleições legislativas em 2006, foi privado da sua vitória devido à pressão internacional e expulsou a Autoridade Palestina e as forças de segurança da Faixa de Gaza.

O movimento islamista – considerado um grupo terrorista pelos Estados Unidos – tomou o controle sobre Gaza em 2007, num episódio que quase resultou numa guerra civil na região. Desde então, diversos esforços de reconciliação fracassaram.

O futuro incerto dos jovens palestinos

Em setembro, o Hamas concordou em ceder o poder sobre Gaza à ANP, ainda que o destino de suas forças militares no território tenha sido um obstáculo para as negociações. O movimento islamista se envolveu em três guerras contra Israel desde 2008.

As negociações se voltam agora para a formação de um governo de unidade. O Fatah confirmou que Abbas planeja para breve uma viagem à Faixa de Gaza – sua primeira visita em dez anos ao território – para consolidar a reconciliação.

Um dos pontos fundamentais das negociações foram as sanções impostas pelo presidente da ANP à região, que incluíam a redução do fornecimento de energia elétrica ao território, o que deixava os moradores com apenas algumas horas diárias de eletricidade. Segundo a liderança do Fatah em Gaza, as medidas restritivas deverão ser removidas em breve. 

Fronteira de Rafah

O bloqueio à Faixa de Gaza resultou numa deterioração das condições humanitárias no território. Temendo o aprofundamento nos cortes de energia e um isolamento político e financeiro após o início da crise entre o Catar – sua principal fonte de recursos – e as nações do Golfo, como a Arábia Saudita, o Hamas pediu ajuda ao Egito para viabilizar a reabertura da fronteira em Rafah, considerada fundamental para o reforço da enfraquecida economia de Gaza.

O Egito se comprometeu a fornecer combustível a Gaza para a geração de energia. Em contrapartida, Cairo pressionou o Hamas para que levasse adiante o processo de reconciliação. O acordo assinado pelas facções rivais estabelece que a guarda presidencial de Abbas assumirá o controle da fronteira de Rafah no dia 1º de novembro.

O Fatah afirma que o local deverá supervisionado pela Agência Europeia de Fronteiras (Eubam). Para que isso ocorra, a decisão deverá ser tomada em conjunto pela ANP e pelo governo de Israel.

Os dois grupos rivais esperam que o acordo faça com que Israel e Egito removam as restrições na fronteira. Cerca de 3 mil membros das forças de segurança do Fatah serão enviados ao território. O Hamas, porém, ainda será o maior grupo armado no local, com cerca de 25 mil militantes.

A reconciliação poderá dar novo impulso às tentativas de Abbas de reavivar as conversações sobre a criação de um Estado palestino no território ocupado por Israel.

RC/rtr/afp/lusa