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Eleitores no exterior preferiram Lula

Augusto Valente8 de outubro de 2002

No primeiro turno das eleições presidenciais, a maioria dos eleitores brasileiros vivendo no exterior votou em Luiz Inácio da Silva, do PT.

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Do exterior, os brasileiros também apóiam o caminho de Lula até BrasíliaFoto: AP

A única exceção foi Tóquio, onde o candidato do PSDB, José Serra, conquistou 48% dos votos, suplantando Lula. No domingo (06), as urnas funcionaram em 102 cidades de 76 países, de 8h às 17h (horas locais), para atender a 70 mil eleitores em potencial. Segundo determinação do Tribunal Superior Eleitoral, só pode haver votação em cidades com pelo menos 30 eleitores brasileiros inscritos.

Na Alemanha, as urnas se concentraram nas metrópoles Berlim, Frankfurt e Munique. O nível de abstenção foi ligeiramente mais elevado do que nos anos anteriores: na capital alemã, com 1496 eleitores cadastrados, houve apenas 421 votos válidos (excluídos os em branco ou nulos), dos quais 272 (64,4%) couberam ao candidato petista.

Em Munique, Lula ganhou 57,4% (283) dos votos. Na capital bávara, estão cadastrados 1061 eleitores brasileiros, mas só 493 votaram. Em Frankfurt, ele ganhou 288 dos 503 votos válidos. A metrópole financeira alemã tem 1411 eleitores brasileiros inscritos.

A tecnologia ajudou

A votação transcorreu sem qualquer incidente nas sedes diplomáticas brasileiras da Alemanha. Entre as poucas reclamações em Berlim, a de algumas pessoas que quase perderam a data, e gostariam de haver sido notificadas por carta sobre as eleições. Uma exigência questionável, já que a mídia européia deu grande destaque às eleições presidenciais, e a homepage da embaixada oferecia informações detalhadas.

Trinta e oito postos eleitorais em todo o mundo beneficiaram-se do sistema de urnas eletrônicas, exatamente o mesmo adotado no Brasil. O novo sistema aliviou consideravelmente o trabalho dos funcionários, também poupando tempo para os que se deslocaram até os postos eleitorais, alguns em verdadeiras caravanas, em ônibus fretados. A novidade tecnológica ajudou até mesmo a promover um clima de curiosidade e bom humor, e as dúvidas quanto ao funcionamento foram rapidamente resolvidas.

A votação eletrônica elimina sobretudo o penoso trabalho de apuração, que tradicionalmente consumia horas e dias de trabalho. Ainda assim, algumas cidades, como Copenhague, ainda mantiveram o sistema de cédulas. O ganho em seriedade e precisão compensa perfeitamente a perda do elemento surpresa, comenta uma funcionária da embaixada: para certos eleitores acabou-se a oportunidade de "adornar" suas cédulas com mensagens que iam de "Eu te amo" a palavrões. Demonstração de criatividade que, voluntariamente ou não, tornava nulo o voto.

Perspectivas para o Brasil

Segundo uma fonte da embaixada brasileira em Berlim, o resultado do primeiro turno das eleições presidenciais mostra que o brasileiro perdeu o medo do candidato número 13: ele é, sem sombra de dúvida, um político popular. Tal fato se deve, sobretudo, à transformação que o líder do Partido dos Trabalhadores atravessou nos 13 anos desde a primeira candidatura: agora seu discurso é mais moderado, e ele se mostra disposto a alianças táticas.

O funcionário que deu as informações à DW-WORLD, pedindo para seu nome não ser citado, não espera que uma vitória do candidato petista venha a acarretar mudanças dramáticas para o brasileiro, nem agravar as dificuldades econômicas do país. Afinal, a atual situação seria, acima de tudo, o reflexo da crise internacional. O diplomata opinou que a ênfase de Lula nos aspectos sociais e suas metas de combate à inflação representariam uma boa chance para o país.